Valentina Marcelino
01 Setembro 2021 — 16:12
A nova lancha da GNR, Bojador, encalhou esta tarde na praia de Carcavelos. Ao que o DN apurou a GNR terá pedido ajuda ao Instituto de Socorros a Náufragos.
Fonte oficial do comando-geral da GNR confirma o sucedido e adianta que será instaurado um inquérito. "A lancha de Patrulhamento Costeiro - Bojador, na sequência de uma ação de patrulha, pelas 14H30, encalhou na zona da praia de carcavelos sendo nesta fase prematuro avançar com as causas da ocorrência. Para esse efeito será instaurado o necessário inquérito para apuramento das causas e circunstâncias da situação em apreço. Nesta fase a Guarda, em estreita articulação com as entidades competentes, nomeadamente com o Capitão do Porto de Lisboa, está a diligenciar para a realização de manobras para garantir a retirada em segurança da embarcação daquele local, aguardando-se a hora da praia-mar".
A "Bojador", a maior lancha alguma vez comprada pela GNR (35 metro de comprimento), fez a sua viagem inaugural em maio passado, numa cerimónia oficial. Na altura o ministro da Administração Interna disse que o novo navio significa "um reforço decisivo do papel da GNR como guarda costeira, permitindo uma capacidade de vigilância costeira com grande autonomia, até 1500 milhas".
A megalancha com capacidade de navegar em alto mar como as da Marinha, tem estado neste período em testes e formação à tripulação.
Segundo adiantou na altura o comando-geral da GNR a integração desta megalancha "na atividade operacional vem materializar uma necessidade da Guarda em adquirir uma lancha de maiores dimensões, com acrescida capacidade de navegação, constituindo-se como um complemento importante do Sistema Integrado de Vigilância, Comando e Controlo (SIVICC), e bem assim para os Centros de Coordenação Internacional do Sistema Europeu de Vigilância das Fronteiras (EUROSUR), sendo ainda objetivo a sua participação em missões da Guarda Europeia de Fronteiras e Costeira (FRONTEX)".
A "Bojador" custou 8 485 770 euros e é a primeira de um lote de quatro (as outras três de menor dimensão) que terão um custo de mais 2,2 milhões de euros, financiadas a 75% por fundos europeus.
A aquisição desta embarcação aprovada em Conselho de Ministros em 2018, maior que qualquer lancha rápida da Marinha não foi, porém, bem aceite no setor da Defesa e deixou a Marinha em estado de sítio. Conforme o DN noticiou, vários antigos chefes do Ramo protestaram, manifestando a sua indignação por aquilo a que chamam "duplicação de meios" e pelos "custos acrescidos", contrariados por outras figuras que defendem o reforço da GNR.
O ex-Chefe de Estado-Maior da Armada, Melo Gomes, salientou que se estava "a criar uma duplicação de capacidades que vai custar muito mais ao erário público", lamentando "a experiência dos 700 anos da Marinha" estivesse a ser "desprezada".