O 2009 e o espanhol
Em miúdo, ouvia com frequência na minha terra, raiana, que “o espanhol não quer bom começo”.
Queriam as pessoas dizer com aquilo que a evolução dos acontecimentos geralmente caminhava em sentido inverso à qualidade do seu começo.
Sem querer explicar a razão de ser do dito, é fácil ler nele a forte componente da relação entre um resultado e a sua expectativa à priori.
Mas a que vem isto a propósito? Eu explico.
Estou, estamos, quem não estará, farto de ouvir falar nesta entidade que tomou conta da cabeça dos analistas sociais, políticos e económicos e por tabela da nossa, que é a malvada CRISE.
Ora não tendo passado ainda 48 horas desde a passagem para o 2009, já encheram o neófito de perspectivas negras e o desejaram a passar depressa para ver se o 2010, qual D. Sebastião, nasce com melhor cara e nos venha oferecer de bandeja a resolução de todos os nossos problemas.
O parto do 2009 não poderia ter corrido da pior maneira: como obstetra calhou-lhe a crise e como parteiras ajudantes a chuva, o frio, o nevoeiro, pelo menos neste canto à beira mar plantado.
É aqui que eu lembro e desejo muito que se cumpra o tal dito do espanhol, que os meus conterrâneos antigos, com invejável optimismo, invocavam quando alguma coisa começava por lhes correr mal.
Um dos primeiros remédios para esta crise, intensa, técnica e sobejamente explicada por quem diz que sabe e mal entendida pelos outros, não será a confiança em nós mesmos e no nosso semelhante de boa fé? Talvez seja, já que os diagnósticos têm sido mais que muitos e as mais das vezes consensuais, sentimento não reunido à volta dos eventuais remédios.
E se o 2009 fosse da opinião do espanhol? Não era bem feito?
Oxalá!
Um bom ano para todos, colaboradores e leitores deste blog OCeano.