AS RUÍNAS DA IGREJA DE SANCOALE
Quando se atravessa a ponte sobre o rio Zuari, deixando a ilha de Goa em direcção ao sul, avista-se ao longe na direcção de Mormugão e Vasco da Gama, uma fachada branca de igreja que se destaca do arvoredo e que se encontra próximo da margem esquerda desse rio.
Depois, na estrada que segue para o aeroporto de Dabolim e para aquelas duas cidades, a sinalética indica que estamos em Sancoale e que, para a direita, se encontra a Rua Escravo de Maria, um nome que é realmente muito sugestivo, num Estado onde a língua oficial é o konkani, mas onde o inglês é a língua corrente e onde também se fala o hindi e o marathi.
À entrada dessa rua encontra-se uma outra placa que indica a direcção a seguir e fornece informações adicionais. Cerca de 200 metros adiante encontramos as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, frequentemente conhecidas por ruínas de Sancoale.
A igreja foi construída pelos Jesuítas em 1606, mas em 1834 foi destruída por um incêndio. Provavelmente, porque não houve meios para a sua recuperação, a paróquia passou a utilizar uma capela que existia desde 1783, que depois se tornou na sua definitiva sede.
A derrocada de muitas igrejas, como aconteceu em Sancoale e noutros locais da expansão portuguesa, foi uma consequência de incêndios e da deficiente construção das abóbadas. No caso de Goa, houve também o abandono a que muitas igrejas e conventos foram votados depois da expulsão dos Jesuítas em 1761 e, mais tarde, das ordens religiosas.
As autoridades portuguesas criaram em 1932 a Comissão Permanente de Arqueologia que, entre outras funções, deveria propor a concessão do título de monumento nacional aos “imóveis cuja conservação represente, pelo seu valor artístico, histórico ou arqueológico, interesse nacional”. As ruínas de Sancoale foram então classificadas.
A fachada da igreja de Nossa Senhora da Saúde em Sancoale, em Outubro (no fim da monção) e em Janeiro (depois de ter sido pintada).Da antiga igreja de Nossa Senhora da Saúde apenas se salvou a fachada que, as autoridades portuguesas declararam como monumento nacional em 1937.
Em 1978 o então governo de Goa, Damão e Diu declarou 44 construções e sítios arqueológicos como “protected monuments”, dos quais 18 são habitualmente considerados como herança cultural portuguesa. No entanto, também o governo central da Índia tomou uma decisão semelhante em relação a outros monumentos de Goa, que são tutelados pelo Archaeological Survey of India.
Significa que a riqueza monumental de Goa tem uma parte tutelada pelo Governo de Goa e outra parte tutelada pelo Governo da Índia, o que atesta o interesse das autoridades indianas pela preservação do seu património arquitectónico.