sexta-feira, 2 de novembro de 2007

2 de Novembro ... Efeméride do dia

Jorge de Sena

Poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta, Jorge Cândido de Sena, nascido a 2 de Novembro de 1919 e falecido a 4 de Junho de 1978, foi autor de uma obra marcada sobretudo pela reflexão humanista acerca da liberdade do Homem.
Depois de concluir os estudos liceais, ingressou na Escola Naval, curso que não concluiu por impedimentos vários, vindo a formar-se em Engenharia Civil na Universidade do Porto.
Ainda durante os estudos universitários, publicou, sob o pseudónimo Teles de Abreu, as suas primeiras composições poéticas em periódicos como Presença e travou conhecimento com o grupo de poetas que viria a reunir-se em torno de Cadernos de Poesia, convivendo, entre outros, com José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti, Alberto Serpa e Casais Monteiro.
É, aliás, no âmbito das edições de Cadernos de Poesia que, em 1942, é publicada a sua primeira obra poética: Peregrinação. Ainda durante os anos 40, colaborou com Aventura (1942-43), Litoral (1944), Portucale (2.ª série, 1946), Seara Nova (nas páginas da qual trava, em 1949, polémica com os surrealistas), mantendo ainda colaboração regular com Diário Popular e encetando uma actividade de não somenos importância na sua actividade literária como tradutor de poesia (entre outras obras, saliente-se, na sua bibliografia, 90 e Mais Quatro Poemas de Constantino Cavafy (Porto, 1970), Poesia de Vinte e Seis Séculos: I - de Arquiloco a Calderón, II - de Bashó a Nietzsche (Porto, 1972), Poesia do Século XX (Porto, 1978).
A partir de meados dos anos 40 intensificou, paralelamente à actividade profissional como engenheiro da Junta Autónoma de Estradas, a sua actividade de conferencista, proferindo comunicações que incidem frequentemente sobre dois dos seus temas dilectos: Camões e Fernando Pessoa (de quem editará, em 1947, as Páginas de Doutrina Estética).
Durante os anos 50, afirmou-se como uma das presenças mais influentes e complexas da cultura e literatura portuguesas; é durante essa década que publica algumas das suas mais conhecidas obras poéticas (Metamorfoses, Evidências, Fidelidade); que publica a sua primeira tentativa dramática, a tragédia O Indesejado; que colabora com publicações como Gazeta Musical e de Todas as Artes, Árvore, Notícias do Bloqueio, Cadernos do Meio-Dia; e que organiza a terceira série da antologia Líricas Portuguesas.
A sua postura humanista e o espírito de inconformismo contra a ditadura fascista levaram-no, em 1959, após o envolvimento numa tentativa falhada de golpe de Estado militar contra o regime salazarista, a optar por um exílio voluntário no Brasil, onde viria a exercer funções de docência nos domínios da Literatura Portuguesa e da Teoria da Literatura, nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Assis e de Araraquara, em S. Paulo. Publicou, então, uma série de obras ensaísticas como Da Poesia Portuguesa e desenvolveu uma intensa actividade como congressista, não deixando ainda de, como redactor no jornal Portugal Democrático, participar em acções de denúncia da ditadura a partir do exterior.
Em 1961, publicou o primeiro volume da sua obra poética completa, encerrando a que tem sido encarada como uma primeira fase poética. No ano anterior publicara o seu primeiro livro de ficção, a colectânea de contos Andanças do Demónio.
Em 1965 transferiu-se para a Universidade do Wisconsin, Madison, nos Estados Unidos da América, em cujo departamento de Espanhol e Português seria nomeado professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira; em 1970, transferiu-se para a Universidade de Califórnia, em Santa Bárbara, onde viria a ser nomeado, dois anos depois, chefe do departamento de Literatura Comparada e, em 1975, chefe do Departamento de Espanhol e Português.
Entretanto, participou em inúmeros congressos internacionais; tornou-se membro da Modern Languages Association e da Renaissance Society of America; e empreendeu várias deslocações à Europa, nunca interrompendo a edição quer de títulos de teoria e história literária e estudos literários clássicos, modernos e contemporâneos, quer a obra poética pessoal, publicando, antes e depois da primeira visita autorizada a Portugal em nove anos de exílio, entre 1968 e 1969, os livros de poesia Arte de Música e Peregrinatio ad Loca Infecta.
Após o 25 de Abril, recebeu várias homenagens públicas em Portugal, sendo condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique e, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada. No ano da sua morte, 1978, vieram a público, revistos pelo autor, os volumes Poesia II e Poesia III, a que se seguiriam, postumamente, os volumes 40 Anos de Servidão e Post-Scriptum II.
A obra de Jorge de Sena ocupa uma posição singular na literatura contemporânea nacional e internacional por se apresentar, segundo o prisma por que for encarada, simultaneamente como clássica, moderna, socialmente empenhada, confessional e surrealizante.

1 comentário:

O J.N.Barbosa disse...

Voltaste? Vê lá se não foges outra vez.