terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1 de Dezembro de 2009

Neste entardecer do primeiro de Dezembro permitam-me que compartilhe um poema retirado da Mensagem de Fernado Pessoa

Quinto

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fatuo encerra

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.

Tudo é incerto e derradeiro.
Tido é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro …
É a Hora!

Valete, Fratres.

3 comentários:

O Jorge Beirão Reis disse...

Parece-me que, agora, aos nossos intelecctuais (por favor não considerem este "intelectuais" como depreciativo) lhes deu para a poesia.

Embora o poema anterior, embora muito belo, não me despertou qualquer comentário, não posso deixar de considerar, com optimismo, esta escrita de Fernando Pesssoa: à semelhança de textos anteriores, noemadamente um de Eça de Quriróz, escrito há 140 anos, revela-nos que Portugal , pelo menos nos últimos dois séculos (e até talvez desde a sua fundação) tem sido igual a si próprio - tem sobrevivido a todos os seus péssimos governantes - afinal gente nem melhor nem pior do que nós.

Resumindo, nós merecemos os governantes que temos tido.

Também em deixam cheio de optimismo os comentários de estrangeiros sobre Portugal e a sua juventude universitária (nomeadamente a propósito da vinda a Portugal da Presidente do MIT, Prof. Susan Hockfield).

Resumindo e finalizando, tenho fé e esperança que daqui a cem anos, os nossos descendentes continuem a ser Portugueses independentes, a dizer mal de Portugal e dos seus governantes.

Tenho dito!

O Luís Silva Nunes disse...

Esperemos também que daqui a cem anos a raça seja menos "pestilenta" ... cá estaremos para ver!!! E cheirar!!!

O Ferreira da Silva disse...

Muito francamente, acho que não merecemos os governantes que temos tido, independentemente de os termos ou não escoilhido. E também acho que temos tido, entre maus e muito maus governantes alguns bons e muito bons. O problema está em que de vez em quando as condicionantes se concentram de tal forma que, nos momentos em que podemos escolher, só aparecem visíveis à tona de ágfua os maus e muito maus. Os bons não se atrevem sequer a por a cabeça de fora porque o ar está de tal maneira poluído que os levam a não se aproximarem sequer. Ou então são amarrados bem no fundo para ninguém os ver.

É o que actualmente fazem os partidos.Os seus aparelhos vão sendo dominados desde as jotas até aos séniors por palavrosos oportunistas e vigaristas que vão eliminando todos aqueles que sendo bons, honestos, trabalhadores, não se dão com organizações que trabalhem com esse tipo de esquemas. Só assim se entende o aparecimento de algumas das aves de arribação que têm chegado ao poder, sem nada que as qualifique que não seja o trabalho partidário ou realizado à sombra do mesmo.