domingo, 7 de fevereiro de 2010

Afinal o problema não está nas escutas!

Pelo que me vou ouvindo e lendo nestes últimos dias a questão que tanto preocupa os media portugueses (não estou a falar do combate de boxe no aeroporto entre o seleccionador nacional e um jornalista) já não se está a colocar no ponto de vista das escutas serem ilegais ou não, mas naquilo que a justiça faz do conteúdo dessas escutas.

Se teor dos despachos dos juízes de Aveiro é o que veio a lume, só nos resta concluir que o Procurador Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça ao declararem que não havia nada de indiciador de crime ou acto ilícito, foram muito superficiais e levianos (o que é inadmissível, pois todos nós estamos dependentes em última instância do seu julgamento) , ou pretenderam abafar um caso que era no mínimo muito incómodo para o Governo (o que ainda é mais grave pois levanta o problema da conivência da justiça com a política partidária).

Mas, tendo ainda em conta o teor dos despachos, não se percebe porque razão o primeiro ministro e os seus parceiros de partido e governo continuam a bater nas escutas e não desmentem pura e simplesmente os factos que são referidos no despacho. Não quero conhecer o "parlapié" das escutas, mas quero ter a certeza de que as duas entidades que emitiram o referido despacho se enganaram ou actuaram com dolo (e aqui teria de se ouvir uma palavra do Procurador Geral e do Presidente do Supremo).

Nesta altura do campeonato, sentado no sofá a ver e ouvir o noticiário ou a ler um jornal, o que eu quero ouvir do primeiro ministro e dos seus apaniguados (e penso que tenho o direito de ouvir) é uma argumentação centrada em actos que desmintam inequivocamente as suspeitas (ou os juízes erraram ou actuaram de forma criminosa) e não o contra ataque demagógico sobre a ilegalidade das escutas, a pretensa devassa da vida privada ou do buraco da fechadura.

5 comentários:

O J.N.Barbosa disse...

Ou temos que concluir que os juizes de Aveiro ou são tontinhos, ou incompetentes.

O Ramiro Soares Rodrigues disse...

O cidadão está atónito com tão bizarra situação. A postura das duas entidades cimeiras do sistema judicial pode ser tudo, menos transparente e esclarecedora. A sua inacção, face a tão importante assunto para o país, ou é irresponsabilidade ou incompetência? Ou será qualquer outra coisa?...
Esta situação é digna de sociedades falhadas ou que para lá caminham. Há que ser responsável. Há que dignificar as instituições. Se os seus responsáveis não o fazem porque não sabem e, ou, não querem têm de ser inexoravelmente afastados e responsabilizados. Querem terá força e moral para o fazer? Aceitam-se palpites...

O Jorge Beirão Reis disse...

Continua a haver a Praça do Campo Pequeno...

O Ramiro Soares Rodrigues disse...

Não é caso para isso. Seria dar-lhes demasiada importância. Não merecem tal estatuto. Não têm dimensão para isso. Assim, no diz o seu comportamento.

O Jorge Lourenço Goncalves disse...

O que o juiz de instrução de Aveiro disse, se não estou em erro, é de que havia indícios... Ora, nos nossos termos, a menos que se deixe de respeitar a hierarquia e a experiência, é o mesmo que tentar sobrelevar a opinião do 1º tenente à do Almirante Chefe do Estado Maior que, ainda por cima, é o único que tem, por lei, a competência de decidir.
E porque não, com faz o Saramago, pôr em causa os desígnios de Deus que, por causa do pecado original que Adão e Eva cometeram - e que Ele já sabia que iriam cometer porque é omnisciente - nos condenou a todos a suportar uma vida de M... quando, nos poderíamos estar, agora, a regalar com as delícias do Paraíso sem nos preocuparmos com o aumento das pensões de reforma!!!! LOOOOOL!!!!