segunda-feira, 29 de julho de 2019

Viagem de Curso


Recebida a seguinte colaboração datada de 23Jul mas que só agora foi possível publicar:

"Meus caros 
Tenho lido com interesse os vários post que o SL tem vindo a publicar sobre a vossa viagem de instrução e não tenho resistido à comparação com a que o meu curso teve. 
Tal como convosco sucedeu também a nossa viagem esteve centrada num triângulo, não o das Bermudas  como foi a vossa, mas no da banana, do transistor e da mancarra.
A indicação que seguidamente faço de alguns dos pontos altos dessa nossa viagem não tem, bem longe disso, o propósito de vos despertar qualquer tipo de inveja, apreciem só.
Cerca de um mês de permanência no Mindelo, tempo mesmo assim insuficiente para nos apercebermos das várias tonalidades de castanho em que a ilha de S. Vicente era fértil; se calhar foi por isso que lá voltámos na viagem seguinte.
Passeios a pé, quase diários, até à Matiota (havia quem lhes chamasse Educação Física) onde, sempre que não se avistava qualquer barbatana no horizonte, conseguíamos nadar.
Visita ao crocodilo de Mansoa, ao tempo já um bocado decrépito e com problemas de dentição, mas mesmo assim um crocodilo.
Passeio aéreo sobre a Guiné ( premonição do que a alguns viria a suceder poucos anos depois então unicamente a pé ou pela via fluvial)
Tenho, por certo, que poucos cursos terão tido um ratio cadete por máquina fotográfica ou transistor próximo daquele que alcançámos. 
Apesar de termos tido poucas recepções não me restam igualmente dúvidas que o consumo de amendoim nelas verificado deve constituir, ainda hoje, um record nas viagens de cadetes.
Tenho quase a certeza que poucos cursos terão mostrado tanto apego à vida de bordo como nós, refiro só, em abono do que afirmo, que apesar de em Bissau haver licença para sair pelas 1300 horas poucos, ou mesmo nenhuns, o faziam,  preferindo dar o seu contributo à vida de bordo até cerca das 1800 horas a que enfim, com algum sacrifício, lá considerávamos sair do navio.  
Enfim, se é certo, como alguns dirão talvez com razão, que cada um tem o que merece, não me parece menos certo que há gente que nasceu da união do cobre e do níquel , os chamados de cuproníquel , enquanto outros terão nascido da união do cobre e do ar. 
Abraço amigo do E. Gomes

2 comentários:

O José Cruz disse...

Meu caro EG: muito obrigado por esta tua interessantíssima colaboração.
um abraço.

O A.R.Costa disse...

Subscrevo o oportuno comentário de agradecimento do JNC.