domingo, 29 de novembro de 2020

CORTE NO BRASIL (II)

                                                                       ( O "Príncipe Real" que levou D João VI para o Brasil)

 Finalmente a 29 de Novembro de 1807, e depois de 2 dias fundeada ao largo de Ribamar, a esquadra com a família real e os milhares de acompanhantes sai a barra do Tejo rumo ao Brasil.

5 comentários:

O Jorge Lourenço Goncalves disse...

«Domingo, 29 de novembro de 1807: Thomas O’Neil escreveu: “Os navios de guerra portugueses apresentavam uma aparência desleixada, por terem tido só três dias para se preparar para a fuga: andaimes ainda estavam suspensos de seus bordos e, em suma, mais pareciam destroços que navios de guerra”. A avaliação inicial de Thomas O’Neil de que os navios portugueses estavam em condições desesperadamente ruim era, provavelmente. um exagero. Talvez o contraste entre o que a Royal Navy julgava ser uma “aparência de eficiência” e o que pôde observar dos navios que estavam de partida, assim como o caos de ter um número indeterminado de passageiros civis a bordo, o tenha levado a adoptar essa opinião. Os navios, embora severamente castigados pelas sucessivas tormentas de inverno que causaram avarias consideráveis, todos chegaram ao seu destino. Isto reflecte a qualidade dos oficiais e das guarnições, assim como do projecto e da construção dos navios, além da experiência de vários séculos navegando regularmente através dos oceanos, em condições de tempo variadas. A esquadra era comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior. A família real estava assim distribuída: na nau Príncipe Real, – comandada pelo capitão de mar-e-guerra Francisco José do Canto e Castro Mascarenhas, iam a rainha Dª Maria I, príncipe regente D. João, príncipe da Beira infante D. Pedro, seu irmão infante D. Miguel e o infante da Espanha D.Pedro Carlos; na nau Afonso de Albuquerque – comandada pelo cap. de m. e g., D. Manuel João Loccio, iam a princesa do Brasil Dª Carlota Joaquina, com suas filhas, infantas Dª Maria Isabel Francisca, Dª Maria da Assunção, Dª Ana de Jesus e princesa da Beira infanta D.ª Maria Tereza; na nau Príncipe do Brasil – comandada pelo cap. de m. e g., Francisco de Borja Salema Garção, iam a princesa viúva D.ª Maria Francisca Bendita e a infanta D.ª Maria Ana, ambas irmãs da rainha; e na nau Rainha de Portugal – comandada pelo cap. de m. e g. Francisco Manuel Souto-Maior, iam as filhas de D.ª Carlota Joaquina, infantas Dª Maria Francisca de Assis e Dª Isabel Maria. O número de portugueses que empreenderam a viagem ao Brasil tem sido estimado, por diversos historiadores, em cerca de 15 mil pessoas, incluindo tripulações que eram, aproximadamente, metade desse total. Muitos membros da corte, apesar de vigorosas diligências, não conseguiram encontrar lugar a bordo. No começo da noite, com uma leve e variável brisa e sob céu nublado, ambas as esquadras portuguesa e inglesa singravam na direção noroeste. O navio almirante inglês relatou um total de 56 navios à vista. A esquadra naval portuguesa incluía oito navios de linha (Conde D. Henrique, Martim de Freitas, D. João de Castro, Afonso de Albuquerque, Príncipe Real, Medusa, Rainha de Portugal e Príncipe do Brasil) , quatro fragatas (Golfinho, Minerva, Urânia e Thetis), três brigues (Lebre, Vingança e Voador), e uma escuna (Curiosa). A esquadra britânica, incluía os navios de S.M. Bedford, Conqueror, Elizabeth, Foudroyant, Hibernia, London, Marlborough, Monarch , Plantagenet e o paquete Townsend. Os demais navios eram mercantes, dos quais apenas alguns nomes sobreviveram: Conceição e Santo Antônio, do comando de Domingos João da Costa; Henrique Souza de Gouveia, Príncipe e Princesa do Brasil, do comando de Domingos José dos Santos, o qual levou 18 passageiros e demorou 57 dias para completar a jornada; Chocalho, o último navio a sair do Tejo, no dia 30, debaixo de fogo dos fortes e o Jequiá. Se o navio almirante inglês conseguiu ver todos os navios das duas esquadras navais, então eram 31 o número de navios mercantes.»
Adaptado de "A VIAGEM MARÍTIMA DA FAMÍLIA REAL - A transferência da corte portuguesa para o Brasil" por Kenneth Light

O Allen disse...

CORAJOSOS BRAGANÇAS

O Jorge Lourenço Goncalves disse...

Allen, foi a maneira mais eficiente de a rainha e o príncipe regente não ficarem subjugados a Napoleão, não tendo, sequer,saído do Pais, uma vez que o Brasil, ao tempo, era Portugal.

O Curso OC disse...

Recebido o seguinte comentário:
"Uma pequena historieta que escrevi para a Revista da Armada apresenta, em meu entender, um novo ângulo para a percepção da ( fuga / retirada / transferência ) da corte portuguesa para o Brasil..
Em documento de 1 de Agosto de 1807 o governo português propunha aos britânicos o seguinte :
Portugal declararia guerra à Grã Bretanha , mas seria uma guerra dissimulada (sic), pois os navios portugueses não atacariam os navios ingleses ( propunha -se que os brttânicos também não atacariam os portugueses ) nem o governo português passaria cartas de corso contra os navios britânicos "
Abraço do E. Gomes"

O Jorge Lourenço Goncalves disse...

A posição de Portugal era muito delicada. Se se aliasse à França, Portugal perderia, as suas colônias e 70% da sua riqueza era o seu comércio marítimo com o Brasil, Oriente, África e Norte da Europa. Se se aliasse à Grã-Bretanha, o exército de Bonaparte invadiria a sua fronteira terrestre e o seu interior seria transformado num campo de batalha, com a ajuda militar espanhola.