segunda-feira, 14 de maio de 2007

A Marinha … “além de tudo, é sempre uma boa aventura!”

As pessoas são, em qualquer organização, uma fundamental riqueza. Julgo que não se torna necessário rebuscar os mais recentes compêndios da arte de bem gerir para aceitar esta verdade. É óbvio que ter gente capaz, devidamente qualificada, motivada e com espírito de equipa quase que garante, por si só, um bom desempenho … e não me refiro, apenas, a qualidades técnicas e saber profissional. Uma organização de sucesso tem que saber fomentar e gerir valores éticos e culturais sob pena de sabotar a necessária melhoria contínua dos seus processos de funcionamento e não tirar partido do seu capital humano. As organizações não são entidades autónomas e etéreas com vida própria, as organizações têm história e tradição mas são as pessoas, desde a gestão de topo aos níveis mais básicos, que, fundamentalmente, as caracterizam e lhes dão vida.
Vem isto a propósito de uma situação que pude observar à distância (obviamente sem qualquer interferência) e que me incomodou sobremaneira. Muito sucintamente: aqui há uns anos uma jovem algarvia, longe de Lisboa e da margem sul do Tejo, licenciada, resolve juntar-se à Marinha (TSN RC). Abraça a sua nova carreira com determinação e entusiasmo, desenvolvendo a sua actividade com profissionalismo, competência e vontade de bem-fazer. Às tantas a sua chefia directa é ocupada por uma personalidade (uma jovem também) que se viria a revelar mal preparada para as funções que exercia e dona de atitudes e comportamentos que eu classificaria de, pelo menos, inadequados. Sem controlo ou supervisão correctora por parte das chefias intermédias (por ser uma área menos importante/nobre?), a convivência deteriora-se e surgem situações pouco claras e delicadas. Entretanto acontece um concurso para os QP. A jovem algarvia, que aprendeu a gostar da instituição, tenta o ingresso. De acordo com critérios mensuráveis alcança uma posição cimeira mas tendo em conta a componente subjectiva, indicada pela chefia directa, é relegada para a última posição da sua especialidade. Pode-se calcular o desapontamento e a frustração da jovem que se viu “obrigada” a procurar outro caminho e a abandonar, com pena, a Marinha. Com o seu Mestrado em fase de conclusão, é rapidamente contratada por uma Universidade em Inglaterra onde exerce actualmente a sua especialidade com sucesso e reconhecimento.
Como disse antes, o bom funcionamento de uma organização exige padrões elevados no comportamento do seu pessoal. Esta situação incomodou-me … fez-me impressão ver a correcção, a dedicação plena e a boa-vontade serem “punidas”. Não me parece que a Marinha tivesse ganho o que quer que fosse com o que se passou e só espero que tudo isto não tenha sido mais do que uma infeliz excepção.

4 comentários:

O 403 d'62 disse...

Pena não teres podido intervir...

O Pires Neves disse...

Sob o poto vista teórico o tema está bem enquadrado, como me parece igualmente bem contextualizado.Se assim foi, e fazendo fé apenas na informação disponibilizada, parece tratar-se de uma "injustiça". Será só isso que se passou? Nada mais haverá a acrescentar ao contexto e à situação?
Trata-se de um caso que não é comum acontecer! O que é que eles sabem que eu não sei, que tu não sabes, que nós não sabemos? O Mimoso tem razão, só uma intervenção tua junto do DSP/SSP poderia ajudar a esclarecer o caso ...!

O Fernão disse...

Assim, à primeira vista parece coisa de "mulheres"! Não se pode saber mais qualquer coisa? A outra era da EN? E se é e vai a CEMA? Não se pode "exterminá-la"?

O LSN disse...

Percebo e considero legítimas as observações do João Pires Neves mas sei o suficiente para dizer que caso tenha havido (e houve!) alguma benevolência na descrição dos factos, essa benevolência não se aplica à jovem "injustiçada" que aliás, também o sei,seria sempre contrária a qualquer tipo de intervenção exterior.