quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
ALMIRANTE
A 1 de Fevereiro de 1307, o Rei D. Dinis cria o cargo de Almirante da Marinha. Foi o primeiro Almirante, Nuno Fernandes Cogominho.
Onda do
speedy
@
12:13 –
ninguém comentou
domingo, 30 de janeiro de 2022
ALMIRANTE VASCO DA GAMA
A 30 de Janeiro de 1502, o Rei D. Manuel cria o cargo de “Almirante do Mar da Índia “, tendo sido o primeiro Almirante, Vasco da Gama.
Onda do
speedy
@
11:41 –
ninguém comentou
sábado, 29 de janeiro de 2022
Lançamento do livro - HISTÓRIAS MARÍTIMAS DOS AÇORES
No próximo dia 15 de Fevereiro, às 17 horas e 30 minutos, na Academia de Marinha vai realizar-se a apresentação do livro Histórias Marítimas dos Açores – Batalhas e combates, piratas e corsários. Temporais, naufrágios, perdições e outras histórias marítimas, da autoria do nosso incansável estudioso e prolífero camarada de curso Adelino Rodrigues da Costa.
Onda do
José Cruz
@
21:43 –
ninguém comentou
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
A cerimónia de recepção no Cumeré
Um céu cinzento ameaçando chuva, o calor húmido do meio da manhã reforçado pelo sol que espreita por entre as nuvens, quente e impiedoso e nos bate de frente, torna a nossa pele pegajosa, o suor transpira para a farda branca. Em formatura, os periquitos e alguns veteranos que regressam a Lisboa, esperam a chegada do general. Os dois destacamentos, DFE 3 que regressa a Lisboa e DFE 8 acabado de chegar ao TO, à sua esquerda, depois um batalhão do Exército e por último a companhia do Capitão Salgueiro Maia com os seus lenços pretos. O tempo vai passando, caem alguns soldados que rapidamente são retirados em maca para a enfermaria.
Tento distrair-me,
observando o aquartelamento e as movimentações que se vão desenrolando à minha
frente.
Finalmente ouve-se o som
dos motores de um helicóptero que rapidamente se aproxima, dá uma volta
graciosa por sobre a formatura e aterra na parada. Logo que as pás param de
rodar, sai, facilmente reconhecível pela monóculo que usa no olho direito, o
general Spínola, vestido de camuflado, com uma enorme boina a cobrir-lhe a
cabeça, logo seguido de dois ou três militares, também eles de camuflado com
armas empunhadas. Um circo bélico que, por uma qualquer associação de ideias,
me fez lembrar uma descrição, lida algum tempo atrás, no livro "Os
Pretorianos" de Laterguy, relacionado com a guerra da Argélia. Todos
aqueles homens vestindo fatos camuflados, empunhando espingardas metralhadoras,
com uma atitude bélica como se estivessem prestes a entrar em combate,
transmitiu-me a sensação de estar a assistir a uma peça de teatro, encenada
para impressionar os pobres diabos acabados de chegar e ainda virgens para a
guerra que os esperava. Um deles, que depois vim a conhecer, chamou-me
especialmente a atenção, óculos escuros, postura marcial, a coronha da
espingarda apoiada na cintura com o cano a apontar para o alto. A figura do
general Spínola já a conhecia dos noticiários da televisão, mas a minha atenção
concentrou-se nas luvas que calçava e perguntei-me a razão para as usar com o
calor que se fazia sentir. Os cornetins executam os toques da praxe e as tropas
em parada respondem com os sucessivos movimentos e finalmente o general começa
a passar a revista. Caminha lentamente, passo solene, por vezes pára e olha
fixamente o militar que está em sentido à sua frente, o tempo parece não
passar, desmaiam mais alguns homens e o general contínua a sua marcha
imperturbável. Para à minha frente intermináveis segundos, olha-me fixamente,
procuro não desviar o olhar, mas sinto-me incomodado. Depois prossegue a
revista. Finalmente os toques para descansar e o general sobe a um palanque
para falar às tropas.
“Soldados e marinheiros,
marinheiros e soldados …”. Era assim que me tinham dito que começava sempre o
discurso e foi assim que aconteceu. Do discurso lembro-me só do tom apologético
e patriótico, a voz solene, trémula e rouca quando pronunciava a palavra
"pátria". Quando acaba o discurso as forças em parada desfilam e
depois destroçam. As conversas entre o pessoal, finalmente descontraído, centram-se
no tempo que tudo aquilo demorara e no sermão do Caco Baldé que nunca mais
acabava (Caco Baldé era a forma como o general Spínola era referido entre as tropas).
Os oficias e sargentos são
convocados para uma sala. Estamos todos sentados quando o general entra, o
coronel ordena sentido, toda gente se levanta e o general dirige-se para a mesa
que estava colocada no fundo da sala. Senta-se e todos se sentam. O discurso parece-me
agora diferente, continua num tom patriótico, de defesa intransigente da pátria
(palavra que pronuncia com a mesma entoação rouca e solene), mas vai dizendo
que Lisboa (é assim que se refere ao governo de Portugal) tem de olhar para a realidade
do que se passa nos nossos territórios ultramarinos e alterar as suas políticas
enquanto há ainda tempo. Lisboa tem de entender que os tempos mudaram e que os
povos do nosso ultramar têm legítimas aspirações em participar do seu futuro
dentro de uma pátria pluricontinental e multirracial. Findo o discurso, manda
sair os sargentos e oficiais subalternos ficando só os capitães e comandantes
de unidades. Desta vez o discurso é curto, mas mais assertivo. Refere a
gravidade da situação militar e política e a necessidade imperiosa de Lisboa
mudar de política enquanto há tempo e condições para negociar.
O general retira-se. Vamo-nos despedindo dos camaradas do Exército que tínhamos conhecido na viagem. Demorei algum tempo a trocar algumas impressões com o capitão Salgueiro Maia que tinha sido nosso companheiro de mesa e de amenas cavaqueiras a bordo durante a viagem e desejar-lhe boa sorte. A convivência diária no Angra do Heroísmo tinha criado alguma empatia entre nós e a troca de ideias sobre o que nos esperava na Guiné, apesar de algumas diferenças de opinião, deixara também um sentimento de solidariedade pois ambos começávamos já a tomar consciência dos tempos difíceis que nos esperavam. Está bastante mais perplexo do que eu com as palavras que acaba de ouvir ao general. "Afinal, parece que vocês estavam mais bem informados do que eu" é a formulação simples e directa como define o que acaba de ouvir. Voltamos a encontrar-nos alguns meses depois numa breve conversa de circunstância na messe de Exército, em Bissau e reconheci-o, três anos mais tarde, no pequeno ecrã de uma televisão na câmara de oficiais do S. Gabriel, no dia 25 de Abril.
Onda do
Ferreira da Silva
@
14:44 –
tem 4
comentários
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
VIAGENS DE D. JOÃO VI
Sobre esta viagem de ida e volta ao Brasil de D. João VI e da restante família real, das convulsões da época, das características pessoais dos membros daquela família real, da intensa actividade diplomática desenvolvida face às intenções megalómanas de Napoleão, da sua vivência no Brasil, é muito interessante o livro de cuja capa aqui fica foto e que desmonta em boa parte a ideia que sempre nos foi transmitida deste monarca:
Onda do
José Cruz
@
10:04 –
ninguém comentou
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
POPEYE
O famoso marinheiro Popeye, criado por Elsie Crisler Segan, é apresentado ao público pela primeira vez em 17 de Janeiro de 1929, numa história aos quadradinhos do jornal americano Thimble Theatre.
Onda do
speedy
@
11:00 –
ninguém comentou
domingo, 16 de janeiro de 2022
MARINHA
A 16 de Janeiro de 1877, é criada a “Escola de Alunos Marinheiros” a bordo da corveta “Duque de Palmela”.
Onda do
speedy
@
10:50 –
ninguém comentou
sábado, 15 de janeiro de 2022
CANANOR
A 15 de Janeiro de 1501, pela primeira vez os portuguêses chegam a Cananor. Foi Álvares Cabral ao comando da sua armada.
Onda do
speedy
@
10:18 –
ninguém comentou
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Ainda o CEMA
Recebida a seguinte colaboração:
"Meus caros
Confesso, desde já ,que pouco ou nada conheço do percurso profissional quer do actual, como do anterior CEMA, que me leve a tecer quaisquer considerações sobre a justeza ( ou injustiça ) da substituição, situação que não é certamente comum à grande maioria dos que sobre este assunto têm falado ( e escrito) mas que, tanto quanto me foi dado perceber, não apresentam qualquer justificação das conclusões a que chegaram
É exactamente por isso que , na impossibilidade de o fazer junto ao juiz conselheiro jubilado e de tantos outros mais , que aparentam conhecer todo o processo, solicito a qualquer um dos camaradas que eventualmente esteja em idênticas circunstâncias, me explique o que na realidade se terá passado por forma a que possa refutar a notícia , que nunca vi desmentida, de que o:anterior CEMA, aquando da sua recondução no cargo, foi informado que o era temporariamente até o seu indigitado sucessor deixar de exercer o cargo para que fora ( ou iria ser ) nomeado, notícia essa que me parece ser a chave do processo
Também. e agora só por curiosidade, gostaria conhecer o que se terá eventualmente passado, no curto intervalo de 3 meses, para ter havido , conforme referido pela imprensa, uma total inversão do parecer do conselho do almirantado.
Abraço do E. Gomes"
Onda do
Curso OC
@
15:55 –
ninguém comentou
domingo, 9 de janeiro de 2022
A LFG "…" TAMBEM LA ANDOU
Quando recordo os tempos em que vivi na Base de Patrulhas de Ganturé (BAPATGANTURE),no Norte da Guiné, recupero sempre alguns Destacamentos de Fuzileiros, as LFG's (Lancha de Fiscalização Grande), as LDM’s (Lancha de Desembarque Média) que patrulhavam o rio Cacheu, os botes correndo o rio a toda a força dos seus motores fora de borda ou derivando silenciosamente com as correntes da maré, os militares do Exército e as populações que se encontravam em Bigene, Tabanca Nova, Binta e Barro e, obviamente, os encontros e desencontros com os guerrilheiros do PAIGC e as populações sob o seu controlo.
A presença
de uma LFG atracada na ponte-cais de Ganturé ou navegando no rio, fazendo ouvir
os seus motores e o poder de fogo das suas Boffors, quando passavam por uma
clareira, apoiando um reembarque depois de uma operação, largando botes que
depois desciam ou subiam o rio à deriva e emboscavam no tarrafo junto de uma
clareira, foi uma constante nos meses em que o DFE 8 esteve estacionado em
Ganturé, atribuído ao COP 3 (Comando Operacional nº 3). Ao longo desses meses,
a actividade operacional e a convivência diária foram estreitando afinidades e
laços de amizade que muitas vezes vinham desde os tempos da Escola Naval.
Com todas
as LFG's, o DFE 8 viveu muitos acontecimentos de boas e más memórias, foi
transportado ou recolhido em operações, embarcou com todo o seu equipamento
para um ou outro aquartelamento e também convivemos longas horas com camaradas
e amigos. Mas há camaradas, acontecimentos e momentos que nos deixaram marcas
que recordamos com mais frequência e afectividade.
Foi o que
aconteceu, quando, um dia destes ao folhear alguns dos papéis que guardo dessa
época, encontrei uma curta e lacônica mensagem, enviada no rescaldo de uma
operação realizada na margem Sul do rio Cacheu, que me recordou um episódio em
que um dos intervenientes foi um saudoso amigo, na altura Comandante de uma
LFG. No rasto desta memória foram surgindo muitas outras relacionadas com a
ligação estreita que os Destacamentos de Fuzileiros estabeleciam com as LFG´s e
LDM's que estavam em missão no rio Cacheu.
O DFE 8
cruzou-se várias vezes com essa LFG durante a sua comissão na Guiné. Foi ela
que nos foi recolher a Buba e nos acarinhou e alentou depois de uma operação
desgastante que o General Spínola determinou como correctivo para supostos
comportamentos menos correctos de um marinheiro do destacamento. Recordo,
também, uma outra situação, na região da Caboiana, perto de Vila Cacheu, quando
o destacamento caiu numa emboscada que provocou vários feridos e nos
encontrávamos em dificuldades para os tratar e evacuar. A LFG, que regressava a
Bissau depois de terminar a sua missão em Ganturé, estava já a sair a barra,
mas ao aperceber-se, através das comunicações interceptadas, do problema que
enfrentávamos e ter entrado em contacto rádio conosco, alterou imediatamente a
sua rota e veio esperar na foz de um afluente do Cacheu um bote onde tínhamos
conseguido embarcar os feridos, transportando-os para Vila Cacheu onde lhes
prestaram os primeiros socorros e de onde foram depois evacuados para Bissau.
Mas vamos
então à estória da mensagem. Tudo começa num reembarque em botes num dos
afluentes do rio Cacheu, depois de uma operação em que se assaltou um
acampamento do PAIGC. O grupo de combate que seguia à frente do Destacamento
atravessou uma bolanha com cerca de 300 metros para estabelecer a ligação com
os botes, enquanto o grupo de comando e o segundo grupo montavam segurança na
orla da mata. Estabelecida a ligação com os botes o pessoal que estava na mata
arrancou rapidamente seguindo o trilho aberto no capim pelo primeiro grupo.
Quando estávamos a meio caminho rebentou, da orla da mata, ao lado do local que
acabávamos de abandonar, grosso tiroteio de armas ligeiras e RPG na nossa
direcção. Cada um procurou o abrigo possível e tentamos responder. No entanto,
os guerrilheiros, que eram numerosos, não se calavam, a nossa posição no
terreno não oferecia grandes abrigos e a situação ficou mesmo muito
desconfortável. Entretanto, o 1º grupo, que já tinha embarcado nos botes, volta
para terra procurando envolver a posição ocupada pelo IN. Logo que alcançaram
um local favorável, abriram fogo o que permitiu que o grupo que tinha sido
emboscado, reagisse e regressasse à mata. Nesta nova situação, os guerrilheiros
apesar de terem ficado debaixo de dois fogos não se calaram. Mas, pouco depois,
foi possível juntar ao nosso fogo o dos obuses de Bigene, porque, entretanto, um
marinheiro subiu para uma árvore de onde conseguia dominar todo o cenário,
chamou-me e, lá de cima, pude facilmente regular os obuses de Bigene. Ao fim de
duas obuzadas os guerrilheiros estavam enquadrados e com mais dois ou três
disparos dispersaram.
Entretanto
o grupo dos botes tinha navegado algumas dezenas de metros rio acima, tendo
alguns homens saltado em terra e conseguido também fazer fogo sobre o grupo de guerrilheiros.
O patrão
da LDM que se encontrava a pairar na foz do afluente do rio Cacheu à nossa
espera para nos transportar até Ganturé, ao aperceber-se do tiroteio que vinha
do interior, decidiu entrar resolutamente no rio pronto a intervir e apoiar no
que fosse necessário.
A LFG que
navegava por perto, mal ouviu os primeiros sons do combate que se estava a
travar, dirigiu-se para a foz do afluente do rio Cacheu, pronta para intervir
em caso de necessidade.
Era assim
que sempre reagiam as forças navais que se encontravam em Ganturé e que tinham
o rio Cacheu como teatro de operações. Ao primeiro sinal de combate no rio ou
em terra todas acorriam, a toda a força dos motores e das máquinas, ao local
onde se estava a travar o combate prontas a apoiar a unidade que estava em
acção (a embrulhar … como dizíamos na gíria local).
Com todos
ilesos, acabamos por reembarcar directamente para a LDM que penetrara no braço
do rio e abicara para nos recolher. Escoltados pelos botes chegamos ao rio
Cacheu, onde nos esperava a LFG. Todas as forças regressaram num alegre,
improvisado e desorganizado comboio naval a Ganturé com a sensação de alívio
por termos saído sem mossas daquela situação complicada.
Depois de
um banho retemperante e de vestir roupa lavada, dirigi-me para a messe, para
beber um café e uma bebida fresca e redigir o habitual e obrigatório RELIN relativo
à operação.
Para quem
não conhece ou não se lembra do significado do termo, resumo, dizendo que após
qualquer incidente que envolvesse as nossas forças e as do PAIGC ou após
qualquer operação, logo que possível, era enviada uma mensagem, o RELIN,
escrita numa linguagem simples e lacónica a dar conta dos acontecimentos e dos
seus resultados em relação ao pessoal e material das nossas forças e das forças
do PAIGC. O RELIN era complementado, quando os resultados o justificavam, por
um relatório circunstanciado do desenrolar da operação.
Ainda no
rescaldo dos acontecimentos que envolveram um razoável número de forças e
muitos movimentos, cansado da caminhada que acabara de fazer, a primeira
redacção do RELIN saiu muito pouco clara, desarticulada e dando uma ideia de
que o granel naquela operação tinha sido muito maior do que o que fora na
realidade. Não gostei e tentei uma segunda redacção que apesar de mais completa,
escorreita e arrumada, também não me deixou muito satisfeito. Mas, naquela
época, já andava sem grande paciência para fazer papéis destinados, a maior
parte das vezes, a satisfazer burocracias instaladas e acabarem arquivados num
qualquer dossier de um qualquer gabinete com ar condicionado em Bissau. E, por
isso, Ah! Que se lixe … vai mesmo assim … e foi!
Jantei,
estive algum tempo na roda do bar na conversa e depois fui até à câmara da LFG,
tomar um café, beber um whisky, conversar e jogar uma partida de brídege como
fazíamos muitas vezes quando a LFG estava atracada na ponte cais de Ganturé e
havia parceiros para isso. Contra o que era o seu costume, o Comandante
recebeu-me com cara de poucos amigos e logo me interpelou, rispidamente, pelo
facto de o RELIN que eu tinha enviado não fazer qualquer referência à acção da
LFG na operação. Dizia-me, com ar zangado, que quem o lesse ficaria a pensar
que o navio tinha permanecido calmamente atracado na ponte cais, enquanto a
algumas centenas de metros estava a decorrer uma acção de fogo. Penitenciei-me
imediatamente, pedi-lhe desculpa pela omissão, mas retorqui-me, sem mudar de
humor, que as minhas desculpas não evitavam que quem lesse a mensagem não
questionasse a forma como a LFG estava a cumprir a sua missão. Perante este
argumento pedi que me arranjassem um bloco de mensagens para reparar
imediatamente o lapso. O telegrafista trouxe à câmara uma cópia do RELIM e um
livro de mensagens. Reli o RELIM original e procurei encontrar uma nova redacção,
que sem mudar muita coisa, corrigisse a omissão. A verdade é que, a cada
tentativa mental de nova redacção, a situação embaraçosa e meio caricata em que
me encontrava, trazia-me à memória as imagens das correrias e peripécias da
manhã e associava-as às cavalgadas dos filmes de índios e cowboys que recordava
da minha adolescência nas matinés dos sábados no cinema de Vila do Conde. A
este estado de espírito acrescentava-se a adrenalina dos últimos
acontecimentos, os cafés e os whiskeys que, entretanto, fora bebendo e que começavam
também a fazer os seus efeitos. Não estava mesmo a encontrar uma forma de
contornar a mensagem original sem ter de redigir outra completamente nova e,
naquela ocasião, sentia-me completamente incapaz de o fazer. Ao fim de algum
tempo, a saída foi escrever um aditamento ao RELIN que saiu nestes termos:
"ADITAMENTO MEU RELIN "… " A LFG " … " TAMBEM LA
ANDOU."
O
telegrafista recolheu o bloco de mensagens e foi transmiti-la. Pouco depois,
enquanto estávamos em amena conversa, volta à câmara com as cópias da mensagem
enviada. Eu dobro a minha sem a ler e meto-a no bolso da camisa. O Comandante
da LFG lê-a atentamente, a sua expressão começa a alterar-se, levanta-se e
depois … explode … à sua maneira. Por mim, antes que qualquer coisa me caísse
em cima, saí a toda a velocidade da câmara e só abrandei quando, depois de
descer a prancha do navio, me vi na ponte-cais.
Chegado,
são e salvo, à base, anulei todas as mensagens anteriores e redigi um novo
RELIN com todos os pormenores da operação ou, como dizemos agora, politicamente
correcto. A meio da manhã seguinte, com a intervenção mediadora do Imediato,
recebi um convite para ir almoçar ao navio. A fúria (justificada, diga-se) da
noite anterior se não se tinha desvanecido, pelo menos abrandara. Naquela LFG,
como em todas as outras, os fuzileiros eram sempre bem-vindos e generosamente
acolhidos, mesmo quando, ao regressar de uma operação, esgotados, suados, sujos
e cobertos de lodo eram recebidos ao passarem da escada quebra-costas para o
convés com uma agressiva mangueira de incêndio apontada aos corpos que, não só
os limpavam do lodo para não sujarem o navio, como também os começavam a refrescar
antes de atingirem o local onde encontravam, à discrição, água fresca para compensar
a que desaparecera há muito dos cantis.
Onda do
Ferreira da Silva
@
16:39 –
tem 8
comentários
OCEANOS
Mais um OCeano a celebrar o seu aniversário, nascido a 9de Janeiro de 1945, o Teixeira de Aguilera completa uns bons 77 anos. Esgrimista na E. Naval, notou-se uma inclinação pelas letras. A par de tradutor com obra feita, tem o dom da escrita. Agora retirado das lides navais dedica-se a disparar a sua máquina fotográfica com bons resultados. Camarada e amigo sabe o que é exprimir um fino humor.
Que tenhas um óptimo dia junto com os teus e que o consigas repetir muitas vezes com saúde e boa disposição.
Um Abraço.
Onda do
speedy
@
10:32 –
tem 8
comentários
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
OCEANOS
4 de Janeiro de 1945, nasce um futuro OCeano, o Adelino. Homem do “salto à vara” e leme da equipa de remo dos OCeanos. Estreou-se nas lides Ultramarinas como imediato dum comandante que não era brinquedo. Com uma carreira naval variada, quando se retira, cedo, envereda pela investigação histórica, com plenos êxitos.
Que tenhas um óptimo dia de aniversário junto com os teus e que o possas repetir muitas vezes com saúde e boa disposição.
Um grande Abraço
Onda do
speedy
@
14:03 –
tem 8
comentários