sábado, 7 de novembro de 2009

Derrapagem


Segundo as notícias de hoje, os custos das últimas seis concessões de auto-estradas agravaram-se em €1110 milhões, ou seja, o custo final vai para €3900 milhões (por enquanto). Só a derrapagem é maior do que o custo dos submarinos, mas a obra avança mesmo sabendo que as auto-estradas não fazem falta. Claro que ficaremos na segunda posição europeia em kilómetros de auto-estrada por habitante, o que deixará o nosso primeiro impante.

Aguardam-se comentários do Júdice e do Cadilhe

Conferências na Fundação Calouste Gulbenkian

Como habitualmente, retransmito um aviso sobre a realização de mais uma conferência na Fundação Calouste Gulbenkian.
Um abraço e desejos de bom fim de semana.

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11 Novembro 2009 às 18h00
Da Ilha do Príncipe aos Confins do Universo
Paulo Crawford, do Centro de Astronomia e Astrofísica, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa



A contemplação dos céus constituiu desde sempre uma fonte de inspiração para os seres humanos. O firmamento e os astros eram o reflexo do que se passava na Terra, por vezes idolatrados, outras vilipendiados, marcando pela sua presença constante os ritmos da vida social. O modo de olhar e de compreender o nosso planeta e as suas características influenciou de forma igualmente poderosa o pensamento sobre o cosmos e os seus componentes. Pode-se dizer que o conhecimento dos astros e o saber sobre a organização das sociedades humanas sempre funcionaram como um jogo de espelhos.

Por esse motivo, quando em 1610 Galileu publica o “Siderius Nuncius” (o Mensageiro dos Céus) a mensagem que se anuncia é a da formidável revolução científica e social que a modernidade então encetava. A natureza iria igualmente revelar as suas leis, tal como qualquer sociedade civilizada, em benefício da humanidade. E, de facto, descobriram-se novos horizontes e as fronteiras do cosmos caminharam para o infinito, no espaço e no tempo. O Universo das vozes e das súplicas transformou-se num mundo de luz. Uma riqueza imensa e inesperada de novos fenómenos emerge desta extraordinária exploração, que urge apreender e compreender.

O Ano Internacional da Astronomia celebra precisamente este formidável empreendimento. A Fundação Calouste Gulbenkian, a Associação Cientistas no Mundo e o Centro Ciência Viva de Constância colaboram nesta comemoração, dando a conhecer a todos o mundo em que vivemos, a sua beleza e a sua dinâmica, mas também o entusiasmo e a imaginação daqueles que diariamente interrogam e questionam as suas fronteiras.

João Caraça, Director do Serviço de Ciência
da Fundação Calouste Gulbenkian



Fundação Calouste Gulbenkian Auditório 2
Transmissão directa nos espaços adjacentes
Videodifusão http://live.fccn.pt/fcg/

Informações Serviço de Ciência
Fundação Calouste Gulbenkian
Av. de Berna 45A – 1067-001 LISBOA
T. 21 782 35 25 F. 21 782 30 19
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www.gulbenkian.pt/fronteiras.universo

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mais um ...


É verdade, mais um OCeano se juntou ao nosso blogue, o Ramiro Soares Rodrigues ... e eu só agora dei por ele. Embora com atraso aqui vai um abraço de boas-vindas e votos de boas "ondas".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Apúlia (II)


Na sequência desta "onda" , de 25Out09, recebi o seguinte comentário:

"Bom dia!
Cordiais saudações!
Não é minha intenção importuná-lo, porém gostaria de lhe agradecer a sua atenção e alerta para a situação da ERN Apúlia. Por juntar a sua às nossas vozes... Muito obrigado. Também não é nossa vontade denegrir a Marinha. Apenas chamar à responsabilidade legítima, a quem dessa função está incumbido.
Para além disso:
- Os apulienses têm muita gratidão a tantos marujos que passaram por esta terrinha e nela deixaram muitas marcas... E que marcas alguns deixaram! Também estão gratos pela disponibilidade, quando lhes foi pedida ajuda ou participação em eventos.
- Quantos estudantes de Criaz desfrutaram do transporte gratuito diário para os estabelecimentos de ensino...
- Quantas participações nas nossas festividades locais... Entre muitos outros favores. Alguns marinheiros ficaram por aqui, e também os que estiveram de passagem, quase só valorizaram e forjaram convívio sadio e grandes amizades.
De tudo isso os apulienses nunca se esquecerão. O que nos entristece e nada tem a ver com esses laços de grande amizade, é o desleixo a que foi votada a Estação Radio Naval que em toda a "Briosa" foi referência dos que por aqui passaram e dos naturais de Apúlia e redondezas. Mais algumas fotos da ERN Apúlia estão disponíveis em: www.associacaocriaz.pt/s
Porém, só visto!

Deste Filho da Terra da Apúlia,
renovados cumprimentos a todos os Filhos da Escola.

Manuel Moreira "


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Colégios Militares

Para os OCeanos ex-alunos dos Pupilos e do CM, mas não só, aqui transcrevo mais um interessante artigo do nosso camarada Brandão Ferreira:


O FIM DOS COLÉGIOS MILITARES?
27/10/09

O Colégio Militar (CM) é, entre as instituições existentes, uma das mais antigas da nação. Tem provas dadas, lastro, tradição e deu ao país e às Forças Armadas um conjunto alargado de cidadãos de qualidade, que se distinguiram nas mais diversas profissões.
Mas entre os portugueses existe uma especial apetência para deitar abaixo, num credo, aquilo que levou tantas gerações a edificar. O último caso que nos lembramos foi a extinção do Supremo Tribunal Militar fundado, em 1641 e que só perdia em antiguidade – creio – para as Misericórdias. Uma cretinice alvar!
É, pois, típico na sociedade portuguesa não se atalhar os problemas a tempo. Finge-se que não se vê e assobia-se para o lado, numa demonstração repetida de que o “rei não precisa de usar roupa”. Tal facto não acontece por acaso e encontra fundamento na desconfiança com que são olhados aqueles que levantam problemas ou põem dedos em feridas. São logo encarados como “portadores de más notícias” e como tal equiparados a “leprosos”. Deste ponto a tentar-se, objectivamente, prejudicá-los na sua vida profissional e até privada, vai apenas um passo.
Do mesmo modo a frontalidade e a lealdade são vistos como afrontamento e impertinência…
Estes comportamentos não são de agora, mas de sempre. A natureza humana é muito imperfeita.
Os problemas tendem assim a deslizar de uns para os outros, sucessivamente, até que rebentam.
Os problemas do CM começam dentro da própria Instituição Militar. A primeira grande questão tem a ver com o facto, de que há muito a esta parte, se dever ter encontrado uma fórmula equilibrada para os três estabelecimentos militares de ensino secundário dependerem do CEMGFA, com os custos repartidos pelos três Ramos, em vez do ónus recair exclusivamente no Exército.
Depois é necessário que exista um orçamento adequado para gerir e manter três colégios de qualidade com ensino personalizado e um conjunto de actividades que mais nenhuma escola pública, ou privada, dispõe no país. Neste âmbito tem que se alterar também as restrições ao contratamento de civis, nomeadamente vigilantes – uma das causas, seguramente, dos problemas analisados pela PGR – restrições estas que já levam inclusive a que se tivesse que passar a contratar empresas em outsourcing para servir as refeições,limpeza,portaria e jardinagem. Noutro ambito é fundamental que a lei seja modificada para permitir a mobilidade e reconversão de trabalhadores.
Os problemas sociais que a sociedade actual comporta e a destruturação acelerada das famílias, aumentou exponencialmente os problemas do foro psíquico e social o que exige determinados valências, que os meios ao dispôr dos colégios, dificilmente comportam. Não é a mesma coisa, por exemplo, ter alunos que são enquadrados fora do colégio em termos familiares e outros que pura e simplesmente são “despejados” nos internatos.
Arranjar instrutores e oficiais do Corpo de Alunos é outro problema. Além de nem todos terem perfil para prestar serviço num estabelecimento deste tipo, muitos não querem passar por lá, pois preferem outras opções profissionais. Além disso o Exército preparou oficiais para missões distintas – o seu “core bussiness” - que custou muito dinheiro e esforço, aptidões essas que não têm aplicação nos CM. Por outro lado hà questões do foro pedagógico de que é preciso dar a conhecer a oficiais que vão lidar com jovens dos 10 aos 17 anos.
Acresce a tudo isto que existe dificuldade de recrutamento de novos alunos e só uma muito pequena percentagem destes é que depois vão concorrer às Academias Militares.
As tradições académicas neste tipo de escolas têm vantagens evidentes – embora hoje em dia não seja politicamente correcto admiti-lo – mas que, para serem adequadas, necessitam de organização e supervisão. E estas não comportam qualquer tipo de agressão ou actividades indigna de um ser humano escorreito,que devem (e já são) ser excluídas e punidas.
Problemas existem e são mais que muitos,como decorre da natureza humana, por isso devem ser atalhados a tempo, antes de saírem fora de controlo ou causarem danos irreparáveis.
Com isto dito, necessário se torna ter a consciência que a situação dos colégios militares está a anos-luz para melhor do que a generalidade das escolas ou colégios secundários, de todo o país, cujas maleitas não caberiam descritos nas páginas de qualquer jornal ou revista.
Agora vamos à parte mais séria da questão. Com a Instituição Militar em diminuição constante e aperreada em constrangimentos humanos,materiais e financeiros, conjugam-se a nível do país, várias forças para atacarem os colégios militares e entre eles, especialmente o CM.
Em primeiro lugar o espectro partidário que vai do PS à extrema-esquerda odeia, em termos ideológicos, a ideia da existência de colégios militares. Causa-lhes até erupções de pele e outros fenómenos do foro psicossomático. Com uma nuance: o PCP não hostiliza (porque sabe o que anda a fazer) e não lhe desagradaria ter colégios militares, desde que, obviamente lá se ensinasse o materialismo dialéctico, o socialismo científico e o internacionalismo proletário.
Fazia parte do manifesto eleitoral do PS quando foi formado – é bom lembrar – a extinção dos colégios militares. O PS aliás, dá-se mal com tudo o que cheire a fardas, autoridade e disciplina. Os bloqueiros estão muito activos, no momento. São uns infelizes desorientados, nunca construíram nem construirão coisa alguma, só sabem atear fogos. Ouve-se dizer que odeiam a sociedade, eu penso que se odeiam a si próprios.
Do PS para a direita, pura e simplesmente não existe ideologia: sente-se com a carteira e pensa-se com as tripas.
Estamos conversados, portanto.
A seguir temos a questão da especulação imobiliária. Os colégios ocupam terrenos privilegiados, novamente com destaque para o CM, cerca de 13 hectares em zona de grande valor. Ora isto representa milhões e milhões de euros; oportunidades de negócio para amigos, eventual atenuação de dívidas camarárias,chorudos financiamentos, etc., enfim o paraíso para os do costume.
Perante isto, que valem três colégios cuja mais valia é lançarem no mercado de trabalho ou nos cursos superiores, umas dezenas de cidadãos com formação de elite que tanta falta podem fazer ao nosso desfigurado país? Acertaram, são perfeitamente dispensáveis!
Finalmente, teremos que voltar à doutrina e à ideologia (o mais importante de tudo). Em alfurjas secretas e discretas, combinam-se estratégias, orientações e objectivos. Ora os valores ensinados e instilados nos colégios militares (até ver), são valores patrióticos, de carácter e honradez; valoriza-se a família, o trabalho, as instituições. A religião é respeitada, os heróis são venerados, a nação está acima dos partidos, o grupo prefere ao indivíduo sem estrangular a individualidade, etc.
A liberdade sendo um conceito absoluto tem uma aplicação relativa, a caridade prefere à fraternidade e a igualdade resume-se apenas às oportunidades, pois todos são diferentes. Existe hierarquia, organização e autoridade. Tudo isto gera uma ordem. Esta ordem liberta mais do que oprime.
Ora tudo isto forma cidadãos considerados perigosos, para os tais das alfurjas.
Julgo ter sido suficientemente explícito.
Os colégios militares não devem acabar. Mas podem tentar fazê-lo.
Convém pôr as barbas de molho.

João José Brandão Ferreira
TCor/Pilav (Ref)

Forças Armadas

A questão ficou no teclado (antigamente era no tinteiro...)
Aqui vai agora: -" É indispensável que os Estados tenham uma componente para o exercício da força? Para quê? Se é dispensável, em que com condições?

Julgo que será bom levantar a questão por este prisma antes de abordar a questão nacional.....

Forças Armadas

Ora aí está uma boa sugestão do Teixeira de Aguilar. Vamos discutir ou melhor dizendo vamos lá a ver se nos entendemos, enquanto portugueses, sobre o tema Forças Armadas.
Eu sugiro que se inicie a conversa por responder a esta questão:

Sugestão


Sugiro a leitura do artigo de opinião de João Miguel Tavares publicado no Diário de Notícias de ontem ... é só seguir esta ligação.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Razão dos Avós

Numa ida recente ao Algarve em missão familiar, levei comigo um pequeno livro que me chegou acidentalmente às mãos, com o título acima, da autoria do dr. Daniel Sampaio - passe a publicidade.
De escrita simples e leitura fácil, li-o num ápice, de tal forma me interessou.
Fala sobre avós, netos, educação, ética, moral, valores, tanto ele como uma colabora, de seu nome Eulália Barros, professora do ensino básico e terapêuta da infância, a quem pediu depoimentos sobre aqueles assuntos.
Àqueles dos OCeanos (e não só) que são avós e se interessam minimamente por aqueles temas, verdadeiras lufadas de ar fresco essenciais na catadupa de assuntos bafientos com que os periódicos nos atacam diariamente, se tiverem oportunidade não deixem de lhe dar uma vista de olhos. Não se arrependerão, estou certo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Estremoz

Antiguidade

Eu sou do tempo em que havia pessoas que se suicidavam quando eram expostas como corruptas. Isto dá uma ideia de como sou antigo...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Artigo TCor Brandão Fereira

O artigo publicado no Público sobre o tema submarinos está na linha da escrita do Brandão Ferreira e ainda por cima tem razão. Sempre gostava de saber se alguma oficial da Marinah teria a coragem de vir a terreiro defender a aquisição de qualquer avião para a Força Aérea.!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ainda os submarinos II

Aqui vai a transcrição:

OUTRA VEZ OS SUBMARINOS!
20/10/09

Alguém acredita que se tivéssemos políticos e partidos do “calibre actual”, no século XV, alguma vez Vasco da Gama teria, não direi, chegado à Índia, mas sequer saído a barra do Tejo?

O autor


Já demos que sobre para este peditório, mas enfim, uma esmola mais não fica mal a ninguém.
Já não bastava que o processo de substituição da anterior esquadrilha de submarinos (Portugal tem submersíveis desde 1913, primeiro que a Espanha), se tivesse arrastado entre as mais diversas peripécias, durante cerca de 15 anos; que politicamente nunca se tivesse explicado devidamente todo este assunto; que nunca houvesse defesa institucional consistente; que tivessem “inventado” um sistema de financiamento perigoso e caro mais próprio de uma empresa de vão de escada do que de um estado soberano; que tenha havido oficiais generais a discordarem na praça pública da compra dos submarinos, já depois da decisão tomada; que o número de unidades tenha sido reduzido de três para duas, mutilando a nova esquadrilha de coerência operacional; que o lançamento à água dos novos submarinos que deveria constituir um momento de orgulho nacional, se fizesse na semi clandestinidade, etc., etc., para agora que é preciso começar a pagá-los, estando estes já a fazerem provas de mar, corram os mais insistentes boatos que o governo os quer vender! Isto não é sério, mas tem que ser levado a sério.
E no momento em que se descobre que é preciso dinheiro para os pagar – que ninguém acautelou, apesar de estar previsto nas Leis de Programação Militar que, aliás, também não são para levar a sério – desabam na imprensa notícias, em momento político delicado, de que há eventuais suspeitas de “fraude”/corrupção sobre o ministro que, mal ou bem, teve a coragem de assinar o contrato, e gera-se a maior confusão, com ameaça de processos judiciais, relativamente a falhas grosseiras no cumprimentos da contrapartidas contratuais.
No auge da confusão no meio de um jantar/convívio/debate/arruada/comício, em que é fértil a nossa vida partidária, o presidente do PS, Dr. Almeida Santos – que já foi nº dois da hierarquia do Estado – pergunta-se a si próprio se é burro, já que lhe escapa a necessidade do país ter submarinos, e nem vale a pena analisar os termos em que o fez, embora fosse curioso saber quem lhe encomendou o sermão.
O Dr. Almeida Santos seguramente que não é burro, no sentido popular do termo que significa não ser lerdo no entendimento das coisas ou a na verbalização das ideias; não tenho dados para saber se é inteligente, mas é seguramente esperto, senão não tinha tido a vida que teve. Mas, no caso vertente, é ignorante - um ignorante atrevidote. E foi pena que o Almirante Chefe da Armada, questionado sobre a questão, não lhe tenha respondido à letra. Compreendemos a delicadeza da questão, mas é por causa destas e muitas outras que os atrevidotes ignorantes (ou pior do que isso), continuam a dizer e a fazer coisas que vão desgraçando a Nação, com total impunidade. Um dia alguém vai ter que se sacrificar…
Mas vamos lá condensar rapidamente as razões porque necessitamos dos submarinos (e ainda de muito mais), pois parece que ninguém quer assumir estas coisas.
Como se sabe as FAs servem em tempo de guerra para combater, pela violência, os inimigos e em tempo de paz, para pôr em respeito os amigos. Neste âmbito devem constituir-se como elemento fundamentais de soberania, dissuasão, segurança e uma outra coisa que se deixou de falar, que é serem garantes da “unidade do Estado”.
Ora podemos elaborar sobre uma quantidade de missões que os submarinos podem fazer ou ajudar a fazer:
- manter uma escola de saber centenária;
- garantir treino autónomo (inclui outros Ramos);
- valorizar a componente de navios de superficie (sem o seu apoio pouco vale);
- projectar Poder;
- obter capacidade de dissuasão autonoma (único meio que Portugal terá,juntamente com os F-16);
- aumentar as opções tácticas e até estratégicas;
- vigiar as águas territoriais e a enorme ZEE de que dispomos e,também, a plataforma continental (cerca de três milhões de Km2);
- ajudar a garantir a navegabilidade de linhas de comunicação marítima de interesse nacional;
- colaborar no combate ao contrabando e tráfego de droga;
- aumentar as opções em termos de operações especiais, etc.
Mas as razões principais são de estratégia pura e dura, que derivam de uma “ditadura” geográfica, que gera uma realidade geopolítica que não podemos contornar, e que é perfeitamente entendível em duas frases de portugueses ilustres de antanho. São eles o cronista Gomes Eanes de Azurara “por um lado nos cerca o mar e por outro temos muro no reino de Castela”; e D. João II, “conter Castela em terra e batê-la no mar”.
Isto quer dizer, em termos simples, que só temos fronteira com um único país (quatro a cinco vezes mais poderoso) e que não podemos fechar a fronteira marítima que é não só a nossa janela de liberdade como de oportunidade. E político português que não saiba isto ou não perceba isto, é indigno de ocupar qualquer cargo de responsabilidade. Percebe-se que seja politica e diplomaticamente melindroso, quiçá inconveniente, assumir isto publicamente, por isso é que temos que formar elites que saibam estas e outras coisas básicas, que devem constituir os nossos “segredos de família”.
Não se pode é, ainda por cima, andar a fazer chicana política com coisas sérias. E para o caso de ninguém neste desconchavado país que ainda é o nosso, se ter dado conta, a Espanha está em vias de possuir duas fortíssimas “task force”, uma no Atlântico e outra no Mediterrâneo, com um porta aviões cada e numerosos vasos de guerra de superfície e submarina, do mais moderno que há no mundo. Não pagam em leasing e não há notícias de contestação.
Por tudo isto faz todo o sentido que os novos submarinos “Arpão” e “Tridente” sejam aumentados ao efectivo da “Briosa” e que a população se reveja neles e acarinhe as guarnições, porque na roda do leme, continua lá escrito “A Pátria honrai que a Pátria vos contempla”.
O que não faz sentido é gastar-se biliões de contos, por exemplo, no sistema educativo e o resultado ser a medíocre formação da grande maioria dos nossos jovens em termos culturais, físicos, morais, cívicos, ou seja em todos os âmbitos que devem fazer parte da formação de um cidadão completo.
O que não faz sentido é ter submarinos e depois não os operar de um modo eficaz (que não eficiente), não haver gente que se proponha a arriscar a vida a operá-los ou, sendo necessário, não existir liderança com coragem para mandar disparar. Isto sim, seria um desperdício.
Não querer submarinos é renunciar à independência. E, calhando, é isto mesmo o que está em causa.
Gostaria de voltar a ter gente séria a governar o meu país.



João José Brandão Ferreira
TCor Pilav (Ref)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ainda os submarinos

Aconselho a leitura do excelente artigo sobre o assunto, publicado na penúltima página do "Público" de hoje, da autoria do nosso camarada da FA José Brandão Ferreira.
A alguém que o consiga, agradeço que o transcreve para aqui.

domingo, 25 de outubro de 2009

Apúlia

Recebido do OCeano Fernando de Sousa Maciel o seguinte:

"Com muita mágoa li a notícia sobre a " Estação Radionaval Almirante Ramos Pereira", na Apúlia, inserida no Jornal de Notícias, que agora recebi por correio electrónico.
Fui Director daquela estação de 1978 a 1982. Sei bem do orgulho de todos os oficiais, sargentos e praças que ali prestaram serviço até ao fecho da estação em 1991. Adivinho a tristeza e a revolta que todos sentirão pelo estado de degradação a que as Autoridades Portuguesas deixaram chegar aquele património. Imagino a revolta e a repugnância das populações da Apúlia, em particular das de Criaz, pela deserção e irresponsabilidade evidenciadas pelas entidades competentes. Algumas vezes foi necessária a intervenção do Director da Estação para negar ou embargar construções na Área de Servidão, frustrando a realização de sonhos e investimentos, muitos deles de emigrantes.
Como poderão essas pessoas compreender tanto desleixo, tanto abandono, tanto desprezo por um património que, afinal, em tempos idos, muitas vezes lhes causou prejuízos?
Junto a minha voz de protesto à dos autores da notícia.

Lisboa, 25 de Outubro de 2009

Fernando de Sousa Maciel
"

Nota: A notícia a que se refere o Fernando Maciel pode ser lida aqui. Embora nunca tenha estado na Apúlia não posso deixar de compreender o estado de espírito deste nosso camarada e amigo e concordar com ele em toda a linha. É simplesmente deplorável o estado de degradação a que deixaram chegar as instalações da Estação Radionaval Almirante Ramos Pereira.