Camarada e Amigo Alcindo,
Faz em Setembro próximo 48 anos em que nos encontrámos pela primeira vez (48 anos são uma vida!...). Desde então a nossa vida, apesar das ausências geográficas, tal como as dos outros “OC’s” , tem-se pautado por valores e práticas que, sérias, honesta e de “fina” ética, não são comparáveis, nem compagináveis com os valores e práticas das “legiões” partidárias, a que hoje assistimos. Tal como há 36 anos, em que muitos de nós sofrendo e arriscando, tentámos levar e devolver à prática da vida politica e social os valores em que acreditamos, continuamos a acreditar que eles continuam actuais e de valia para a vida dos cidadãos deste país. Não há que desesperar. Há que acreditar na bondade da inteligência e do crer humano. Assim, como há 36 anos, apesar de ser difícil a alteração da situação, cremos, e estamos convictos, de que é possível a alteração do “rumo”, “irmos para o caminho”, evitando “os escolhos” e fazendo bom uso dos “avisos à navegação” conseguirmos boas “singraduras” que nos conduzam e nos levem a “aterrar em bom porto”, para bem de cada um e de todos. Para bem da Humanidade. É difícil? Também, há 36 anos foi difícil a tentativa de devolver à prática da vida social e política os valores em que acreditamos e defendemos. Não terá sido, por culpas alheias e, também próprias, totalmente bem conseguida. Mas, apesar de tudo, alguma coisa mudou para bem. Ficou e perdurará, nos anais da história contemporânea deste nosso maltratado e martirizado país. Tenhamos a presença de espírito necessária e suficiente para, tal como há 36 anos em que a sociedade, e o país, já desesperava da situação amordaçante, castrante e bloqueadora do querer, dos anseios e dos interesses das gentes, acreditar convicta e determinadamente nas reais possibilidades para “corrigir o rumo” e “ir para o caminho”. Assim, sejamos capazes, cada um e todos em conjunto, de “planear a viagem”. Também, temos de ser capazes de adoptar, e levar à prática, correcções que se venham a mostrar recomendáveis durante a sua execução e cumprimento. Já que, antes de iniciada, ela é, só isso e nada mais, um planeamento (um “modelo”). E, como tal, por definição não desenha e reproduz exactamente a realidade. A“VIDA”. Camarada e Amigo, como tu, também, reconheço estarmos numa situação difícil e perigosa que, eventualmente, muitos de nós não imaginaríamos nos anos, de “chumbo” e sofrimento, das décadas de cinquenta, sessenta e setenta do século XX. O século passado, ainda há pouco chegado ao fim, mas que mercê das circunstâncias vividas no início deste século XXI, já nos parece de um tempo bastante longe. Admitimos e reconhecemos que, não teremos tido “o engenho e a arte” suficientes e necessários para evitar “os escolhos” e nem sempre termos tomado boa nota “dos avisos à navegação”, o que, eventualmente, não nos permitiu as correcções de “rumo” necessárias para “aterrarmos no porto” e condições planeadas quando do início da “viagem”. Apesar, disso, e por isso, continuamos convictos da mais-valia dos nossos valores, até porque são eles que nos permitem e determinam o assumirmos das nossas responsabilidades. Contrariando as práticas prevalecentes nas “legiões partidárias” que “andam por aí”, nos (des)governam e “governam-se”, conduzindo o país, e a vida dos seus cidadãos, para uma situação pouco cómoda e recomendável no concerto das Nações. E, que sem qualquer pudor e respeito pelos cidadãos, resolvem apresentar-se à presença do representante máximo da Nação, “de passagem”, já que nós, os homens, nos finamos e a Nação, em princípio, já que é esse o seu desígnio perdurará, chamando a atenção para a deplorável situação politica, económica e social, como se nunca tivessem passado pela (des)governança do país. Como se não tivessem qualquer responsabilidade na situação existente. Mais uma prova, se ainda fosse necessária, de que os nossos valores tentados devolver à prática da vida da sociedade há 36 anos, e em que continuamos a acreditar, não são os que perfilham e praticam os (des)governantes deste país. Nós e os nossos filhos tínhamos direito a uma sociedade mais justa, solidária, fraterna e menos desigual. Não o conseguimos no todo. Só em parte, porque apesar de tudo alguma coisa ficou, e aí está, inscrita nos anais da história contemporânea do país. Por muito que o queiram, e o façam, não o apagarão na totalidade. Para que os nossos netos não tenham uma sociedade e um país tão desigual como o actual, chegou o momento de, tal como há 36 anos, fazermos o necessário para a “correcção do rumo” e “irmos para o caminho”, entregando aos nossos filhos e netos um “plano de viagem” que, enriquecido com os ensinamentos decorrentes dos erros e inaptidões verificados durante a viagem planeada e iniciada há 36 anos, lhes permita evitar os “escolhos”, estarem atentos “aos avisos à navegação” e “aterrarem em bom porto”. Ou, será o mais certo, manterem sempre um “rumo” certo com “singraduras” consistentes e pujantes, já que o desígnio do Homem será a luta constante e eterna na procura de uma vida melhor, mais fraterna, solidária e menos desigual. Camarada e Amigo, vamos a isso, já que da troca de ideias, opiniões e sugestões é que podem sair “rumos” que obriguem os homens, eventualmente, ao leme a terem de ir obrigatoriamente para “o caminho”. Aproveito a oportunidade que me deste com o teu “desabafo”, para “de modo provocatório” incitar todos os “OC’s” a entrarem na onda. Até sempre. Um Abraço.