quinta-feira, 4 de março de 2010

Ainda a Guiné

Recebido (correio electrónico) o seguinte comentário:

"Cá estou novamente a invadir o vosso espaço, mau hábito que procurarei emendar se antes não me emendarem .
Pouco ou nada do relato do Ferreira da Silva constituiu novidade. Muitos e foram mesmo muitos na Marinha que, na altura, fizeram sentir, de uma forma ou de outra, a ignomínia da situação. Acredito que, não tivesse o Comandante da Defesa Marítima sido obrigado a terminar antecipadamente a comissão, não teria escrito, mais tarde, a carta que escreveu cujo destinatário, só aparentemente era o DFE. Sem pretender entrar em polémicas discordo em absoluto da opinião do Ferreira da Silva de que a falta de oficiais superiores para o comando das forças de fuzileiros fosse da responsabilidade do Comandante Chefe, julgo que ele somente aproveitou a incapacidade e a falta de interesse da Marinha. Por essa altura recordo - me de duas ou três operações em que as forças da Marinha, de dimensão muito razoável, tiveram de ser comandadas por 1º Tenentes, que eram do mesmo curso de alguns dos intervenientes .
Não extraiam deste meu arrazoado qualquer tentativa de enaltecimento do Comandante Chefe pessoa por quem não tinha, ao tempo, como aliás ainda hoje não tenho qualquer apreço.

Um abraço do E. Gomes
"

5 comentários:

O José Cruz disse...

E.Gomes: para teu descanso, não estás a invadir espaço nenhum, nem isso aqui seria um mau hábito de que te deverias emendar, nem muito menos para te emendarem.
Antes pelo contrário, és incentivado a tal, os teus comentários serão sempre bem recebidos.
Um abraço.

O J.N.Barbosa disse...

"Invasões" destas são sempre benvindas.Estás em tua casa.

O Ferreira da Silva disse...

Parece que concordamos quanto ao factor "passsividade da Marinha" e penso que esse é o factor mais importante da equação. Se a Marinha tivesse uma posição pró-activa (como agora se diz) o próprio estilo de comando do general Spínola em relação à Marinha teria de se adaptar.

O Ferreira da Silva disse...

Voltando a esta questão ... que tem mais que se lhe diga.

A questão da falta de interesse da Marinha e obviamente dos seus quadros superiores, levantada aqui pelo Encarnação Gomes, em assumir um papel mais interventivo na actividade operacional dos destacamentos, incluindo naturalmente o seu comando operacional é com certeza um tema que é capaz de ser incómodo para muitos camaradas que prestaram serviço no teatro de operações da Guiné, sobretudo nos últimos anos da guerra. Na realidade os comandos operacionais fora de Bissau ofereciam condições de vida e acarretavam riscos que não se comparavam com os corridos no ar condicionado dos gabinetes dos Estados-maiores e messes de Bissau e isto pode dar origem a interpretações muito primárias, superficiais e mesmo injustas. Ainda bem que foram muitos, mas muitos ,como aqui se diz, que fizeram sentir o seu desagrado pela situação que se vivia.

Esta questão não pode nem deve ser vista de um ponto de vista que ponha em foco e em causa os indivíduos e mesmo os seus interesses particulares. É aos comandos que compete decidir as linhas de empenhamento dos seus recursos humanos e materiais. Considero que o que aconteceu na Guiné, que o Encarnação Gomes qualifica como "ignomínia da situação" (eu não iria tão longe, mas, como já referi, tinha na altura informações e conhecimentos sobre a situação muito limitados em virtude do isolamento em que geralmente me encontrava), é consequência de um Comando Naval sem capacidade e autonomia para definir e executar uma estratégia de empenhamento dos seus quadros, das suas forças navais e de fuzileiros que, integrando-se naturalmente na manobra global definida pelo Comando-chefe, permitisse uma utilização mais correcta e adequada às suas características e potencialidades.

O LSN disse...

Recebido (correio electrónico) o seguinte comentário:
"Meu caro F. da Silva
A expressão por mim utilizada referia - se , em concreto , ao que te aconteceu . Quanto à outra questão as causas foram certamente muitas , subserviência , incapacidade , falta de experiência , medo entre mais algumas as quais , nem sempre , permitiram uma tomada de posição quanto ao que se passava . A nivel da Marinha conheço , muito bem , as pressões que foram efectuadas sobre um nosso camarada , então 1º Ten. , que se recusou a exercer o comando operacional de forças de Marinha , que envolviam outros 1º Tenentes e que , legal e operacionalmente , deveria ser exercido por um oficial superior .
Um abraço do E. Gomes"