sexta-feira, 29 de junho de 2007

C.R.Boxer (3)

«Viajantes estrangeiros comentavam muitas vezes que as tripulações dos navios de guerra portugueses, dos navios da carreira e dos navios do Brasil compreendiam uma variedade notavelmente grande de outras nações numa época em que a profissão de marinheiro era muito mais internacional do que agora. Em particular, os navios da carreira que faziam a viagem de regresso a Lisboa dependiam cada vez mais de escravos negros para completar as tripulações, como explicava o vice-rei da Índia em 1738:

"Todo o pessoal maritimo que se encontra agora em Goa, incluindo oficiais, marinheiros, artilheiros, pagens e grumetes, mal atinge (excluindo os doentes) os 120 homens, o que é exactamente o número necessário para tripular um único navio da carreira na viagem de regresso; especialmente nesta monção, quando não há cafres provenientes de Moçambique e existe uma escassz deles aqui em terra, de maneira que não poderão estar disponíveis para navegar como auxiliares no convés realizando o trabalho duro, como acontece geralmente".

O vice-rei não estava a exagerar. Poderia ter citado o precedente do navio Águia da carreira em 1559, que só se salvou de naufragar no Canal de Moçambique devido aos esforços feitos pelos negros que estavam a bordo, e os funcionários da Casa da Índia declararam enfaticamente em 1712 que muitos dos navios da carreira na viagem de regresso não teriam atingido Portugal "se não fosse o trabalho contínuo dos escravos negros que vão neles".»

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