sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Recondução (?)


Vi ontem uma notícia de rodapé na televisão dizendo que Valença Pinto tinha sido reconduzido no cargo de CEMGFA, mas a imprensa de hoje não diz nada. O que foi publicado ontem no Diário de Notícias sobre ele, da autoria do Gen. Silvestre dos Santos, é que lhe devia tirar a vontade de voltar ao serviço.

Ministro novo e bons serviços dão recondução...

Depois da telenovela da meia-noite

A telenovela das mentiras, fugas de informação e escutas continua! Estamos a assistir ao impensável! Das discussões no Parlamento às discussões e declarações avulsas que vamos ouvindo e lendo, para além da argumentação trauliteira e sem nível nenhum, da utilização uma retórica oca e demagógica e às vezes raiando a imbecilidade, só nos resta concluir que quando um político fala está com toda a certeza a mentir.
Creio que há gente séria no meio disto tudo. Não percebo é porque ainda andam com aquelas companhias!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1 de Dezembro de 2009

Neste entardecer do primeiro de Dezembro permitam-me que compartilhe um poema retirado da Mensagem de Fernado Pessoa

Quinto

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fatuo encerra

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.

Tudo é incerto e derradeiro.
Tido é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro …
É a Hora!

Valete, Fratres.

Levando as crises financeiras pela trela

Com a devida vénia transcrevo o texto:


“in Jornal de Angola on line - Ano 9 | Edição Online nº 2755 | Sábado, 28 de Fevereiro de 2009”

As mabubas de Kalandula de Artur Queiroz

A mandioca do Kimbele e de Kalandula nunca foi amarga, como aquela do Luinga que tínhamos de pôr de molho nas águas barrentas do Kanuango. Nas aldeias, os camponeses de Malanje vendiam salalas do melhor bombô do mundo. E com sorte ainda avistávamos uma palanca bem negra, elegante na sua correria louca pelo capim novo de Novembro.
Em Kalandula, afamada de Duque de Bragança desde o século XIX, ficávamos horas a contemplar as mabubas de Lia’nzundo, nome poético que alguém baniu dos dicionários e das memórias. Há por lá um rochedo que tem marcado o pé da rainha Jinga. Tal qual nas mabubas do Kanakajungo, a caminho do Bindo. Mesmo em frente às quedas de água havia um barbeiro com sua casinha de adobe. O artista navegava entre a bebedeira e a loucura sifilítica enquanto cortava pêlo duro e pêlo que voa. Tinha duas belas filhas, sempre acenando amores aos viajantes.
Foi nos areais entre Kangola e Kimbele que vi pela primeira vez um homem chorar a sua amada, mordida mortalmente pela surukuku. E ele cantava uma canção dolente sem acompanhamento de marimbas nem tambores.
Por ti meu amor, meu poema de riso de cristal, dava a volta ao mundo pelo lado das mabubas de Lia’nzundo, pelo mar das tormentas, pelo cabo da bela esperança, pelo madrigal de uma camponesa de riso aberto e faces de loengos maduros.
Por ti meu amor, eu era pássaro com asas tão finas como a espuma que se desprende das águas de Lia’nzundo e envolve o teu corpo inanimado como as canções da infância.
Por ti meu amor, dava voz a este semba, libertava o grito sufocado e depositava no teu colo o melhor vinho das palmeiras do mais velho Moka.
Por ti meu amor, dava o corpo ao veneno da surukuku e mergulhava para sempre nas margens alagadas do Lukala, ali pertinho do Tango, onde o jacaré dança em cima das águas. Como dizia o bardo cabo-verdiano Silva Tavares, num poema com sabor a mar azul, se Deus é grande, o amor é ainda maior.
A canção não restituiu a vida à bela adormecida pela picada da cobra e os cânticos extinguiram-se nas montanhas distantes da Lunda. Ainda se fosse um beijo de mãe... As feridas em carne viva, a dor mais violenta passa logo quando uma mãe beija a região dorida. E não há morte que resista a um canto de ninar de uma mater dolorosa. Mas se até a Mãe está moribunda, que fazer?
Já ninguém compra os sorrisos prometedores das filhas do barbeiro de Kanakajungo nem sequer salalas de bombô. Esse tempo está tão distante como a agonia dos escravos que continuavam a encher os porões dos barcos negreiros muito depois da abolição da escravatura. Mas a escravatura foi hoje e amanhã é uma faca longa cravada na nossa consciência. Nada que tenha o sal da mágoa passou ou passará a ser doce. Nenhuma dor funda se perde na distância.
As águas revoltadas do Lucala continuam a despenhar-se no abismo líquido de Kalandula, naquele fantástico rio de espuma. Os escravos continuam a arrastar as suas correntes pelo mundo, levando as crises financeiras pela trela, pagando todas as facturas, movendo todos os engenhos do açúcar do lucro fácil. E nós, os que crescemos nesse pântano, já nem sequer temos um beijo de mãe para nos aliviar a dor e curar a ferida em sangue. À média luz vou pensando que já é tempo de levar para a frente aquela combina do socialismo que nos iluminou o caminho no tempo do Kaprandanda. Mesmo que não seja a pousada da sétima felicidade, pelo menos torna mais fácil detectar os kifumbes que nos colocam de mãos no ar e devastam os bolsos.


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Postal de Goa (IV)

O Futebol em Goa

Se o cricket é o desporto nacional da Índia, o futebol é o desporto nacional de Goa e, para muitos goeses, é quase como uma religião, sobretudo na província de Salcete, no sul de Goa, onde se joga nas várzeas, nos adros das igrejas e nos mais improvisados locais.
O futebol foi introduzido em Goa em 1883 pelos portugueses, mas só se desenvolveu a partir dos anos 50, quando os contingentes militares forneciam jogadores que alimentavam as equipas. O primeiro campeonato, que então era chamado 1ª Divisão, disputou-se em 1951 e foi ganho pelo Grupo Desportivo de Chinchinim. Em 1959 foi criada a Goa Football Association, cujo primeiro Presidente da Assembleia Geral foi o Comandante Abel de Oliveira, que era então o Capitão dos Portos do Estado da Índia.
Actualmente, as principais equipas de Goa são identificadas pelo nome das empresas patrocinadoras e são as seguintes:


Vasco Sports Club – Fundado em 1951 em Vasco da Gama, foi campeão de Goa por 6 vezes.
Salgaocar Sports Club – Fundado em 1956 em Vasco da Gama, já foi 18 vezes campeão de Goa.
Dempo Sports Club – Fundado em 1968 em Pangim, que foi campeão de Goa 11 vezes e 3 vezes campeão da Índia.
Churchill Brothers Sports Club – Fundado em 1988 em Margão, que foi 7 vezes campeão de Goa e é o actual campeão da Índia.
Sporting Club de Goa – Fundado em 1999 em Pangim, a partir de 2003 passou a disputar a NFL.

Em 1996 iniciou-se a National Football League por iniciativa da All India Football Federation, a fim de promover o desenvolvimento e o profissionalismo do futebol no sub-continente indiano. Começaram a aparecer jogadores brasileiros e nigerianos, vieram treinadores do estrangeiro e o futebol indiano deu um salto qualitativo.
Em 2007 a NFL deu origem à I League e, actualmente, está em disputa a 14ª edição da prova.
O quadro seguinte mostra que, nas 13 edições já realizadas, os 39 lugares de honra foram ocupados 19 vezes pelas equipas de Goa, tendo também sido campeãs da Índia por 5 vezes.

(Para ampliar, "clicar" na imagem)

Este quadro evidencia a qualidade do futebol de Goa relativamente às outras equipas do país, embora o seu nível ainda não seja internacionalmente competitivo. O PJN Stadium, ou Nehru Stadium ou, simplesmente Fatorda, localizado em Margão, pode receber 28.000 espectadores e é o local onde jogam todas as equipas goesas que disputam a I League.
Porém, o futebol de Goa é um espectáculo diferente do que se observa na Europa ou na América do Sul, pois ainda tem estruturas muito amadoras, não há claques organizadas, há pouco clubismo militante e os espectadores limitam-se a vibrar com um espectáculo que os diverte.

domingo, 29 de novembro de 2009

À margem da conferência latino-americana

Assisti no noticiário a parte do discurso do primeiro-ministro num encontro com os empresários latino americanos. Depois da triste figura de caixeiro viajante na Venezuela a tentar impingir o Magalhães, ainda não percebeu que não estava a falar para índios e que estes já não vão em quinquilharias como os seus antepassados do séc. XVI. Esta gente fala nas novas tecnologias, computadores e inovação como a solução mágica para o país, mas esquece-se de que os países só se desenvolvem sustentadamente se tiverem uma agricultura e uma indústria a sério e um povo com uma educação sólida. O pouco que restava da nossa agricultura e indústria foram destruídas e a educação anda toda pelo nível das novas oportunidades. A modernidade das novas tecnologias e inovação não passa de um bluff se não se têm cartas boas nas mãos. E infelizmente nos só temos duques.

sábado, 28 de novembro de 2009

Notícias de Lagutrop


Uma irritante gralha apareceu em voo picado sobre a minha cabeça e trocou as siglas PGR por RPG. Nunca lhe perdoarei.

Thanksgiving


Ainda não importámos o dia de Thanksgiving (Acção de Graças), à semelhança do Dia das Bruxas e do Dia dos Namorados (é uma questão de tempo), mas vale a pena ver esta imagem do tradicional desfile de Nova Iorque patrocinado pelos armazéns Macy's.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Postal de Goa (III)

O FAROL DA AGUADA

Goa foi um dos mais importantes e mais frequentados portos marítimos do mundo ao longo do século XVI, nele convergindo um intenso movimento de navios e de navegantes de muitas nações e, além disso, era a capital do Estado Português da Índia e o centro operacional de um poder naval que então não tinha paralelo no oceano Índico.
No dia 26 de Setembro de 1604, perante a surpresa dos portugueses que em Goa esperavam pela chegada das naus do Reino com a habitual remessa de dinheiro, de soldados e de notícias, fundeou ao largo da barra de Goa uma poderosa armada holandesa. Comandava-a Steven van der Hagen que, depois de alguns dias de espera e impaciente por não ter tido sucesso na sua tentativa de capturar as naus portu­guesas que vinham de Lisboa, cessou o seu bloqueio à barra de Goa no dia 19 de Outubro.
Foi um aviso premonitório daquilo que iria ser a hostilidade holandesa nos sessenta anos seguintes e o facto é que, por iniciativa do vice-rei Aires de Saldanha, se começou a construir uma praça fortificada no morro da Aguada, nesse mesmo ano de 1604. Com essa praça pretendia-se constituir um sistema fortificado de protecção à barra de Goa, que reforçasse o reduzido poder defensivo das forta­lezas dos Reis Magos e de Gaspar Dias, mas por carência de fundos, a imponente obra só em 1612 ficou concluída.
A fortaleza da Aguada passou a ter um papel decisivo na defesa da barra de Goa, como se verificou alguns anos depois durante os bloqueios feitos pelas armadas holandesas. Na literatura náutica portuguesa e em especial nas descrições de viagens, começaram então a aparecer as expressões “meter debaixo da fortaleza” ou “meter à sombra da fortaleza”, significando a intenção de procurar o abrigo proporcionado pela sua artilharia.
Quando na Europa ainda não existiam ou eram poucas as construções expres­samente edificadas para apoiar a navegação marítima, no interior da fortaleza da Aguada, tinha sido construído um farol para apoiar a navegação, pelo que aquela praça aparece algumas vezes referenciada como o “castelo do farol”, nomeada­mente na cartografia portuguesa da época.
Se em relação aos faróis europeus subsistem muitas dúvidas quanto às datas em que foram construídos, não parece haver dúvidas quanto aos mais antigos faróis da Ásia e da América, ambos construídos pelos portugueses: o farol da Aguada em Goa (c.1610) e o farol da Barra no porto brasileiro de Salvador (1698).

O primitivo farol sofreu muitas adaptações ao longo dos anos e em 1865 passou a ter a peculiar arquitectura que ainda conserva, apesar de ter sido desactivado e substituído por um incaracterístico novo farol localizado a algumas dezenas de metros.

Carta da Ilha de Goa de Manoel Godinho de Erédia, feita em Goa em 1610, na qual já está assinalado o farol da Aguada

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Como os portugas...


Abriu agora um inquérito no Reino Unido para investigar as causas do envolvimento do país na guerra do Iraque e como se desenrolou a operação. Pelo que veio a público,as relações entre os comandantes inglêses e americanos não seriam as melhores e, para exemplificar este problema, um oficial escolhe comparar o Reino Unido a Portugal. Diz ele:"Apesar da nossa chamada relação especial, acho que não fomos tratados de forma diferente do que os portugueses". Isto mostra que a opinião sobre nós no estrangeiro não tem mudado nada ao longo dos tempos. Já no final século XIX o Kaiser Guilherme II, escrevendo a sua avó, a rainha Victória, se queixava de estar a ser maltratado como se fosse o rei de Portugal! Como se vê, nada de novo debaixo do sol...

À escuta da justiça


Causa-me muita impressão (para não dizer grande perplexidade, como agora é mais corrente) o facto de as nossas leis e códigos permitirem que profissionais da justiça possam ter sobre a mesma matéria, neste caso as escutas ao par Vara/Sócrates, opiniões totalmente opostas e todas baseadas no mesmo clausulado jurídico. Vi ontem no "Prós e Contras" um juíz desembargador, um advogado (o bastonário da Ordem) e dois ilustres professores (!) de direito penal defenderem, e fervorosamente, posições diametralmente opostas sobre a mesma matéria de facto. E o problema resumia-se a saber se se pode (ou deve) divulgar publicamente as conversas escutadas ao PM que eventualmente contenham indícios criminais. Independentemente da conclusão (?), que julgo ter ficado obscura para a maioria dos portugueses que assistiram ao debate, parece-me que a circunstância de personalidades amplamente conhecedoras da letra da lei tirarem conclusões antagónicas se deve, pura e simplesmente, ao facto da dita lei estar mal feita e não ser clara, já não digo para o comum dos mortais mas, pelo menos, para os cérebros privilegiados dos "justiceiros" deste país.

Nota: Obviamente que em termos políticos a conclusão é imediata ... só depende da cor de cada um.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Postal de Goa (II)

A VIDA SOCIAL EM GOA E A HERANÇA DOS VELHOS CLUBES

A União Indiana é uma federação de 28 Estados, entre os quais o Estado de Goa, mas engloba também sete Union Territories, onde se incluem o UT de Daman and Diu e o UT de Dadra and Nagar Haveli. Goa é o mais desenvolvido dos Estados da Índia e é um importante centro de atracção turística para nacionais e estrangeiros, sobretudo fora do período da monção, que ocorre de Maio a Setembro.
A pressão turística apela à animação e à festa para divertimento dos visitantes, que gostam do toque latino que é exibido em Goa.
Porém, os goeses nunca precisaram do turismo para serem festeiros, pois têm uma enorme paixão pelas festas, religiosas ou profanas, que fazem parte do seu imaginário e servem para comemorar e para conviver, sendo sempre enriquecidas com música, muita dança e muito boa gastronomia, como sucede nos casamentos, que são sempre festas grandiosas.
Desde o início do século XX que a vida social goesa foi marcada pelos Clubes, enquanto locais de animação cultural e social, com os seus luxuosos bailes e outros eventos sociais para as elites seleccionadas. Os Clubes corresponderam a uma mudança no uso do espaço público, tornando-se locais reservados e verdadeiros complexos de lazer e entretenimento, que compreendiam salões de jogos e de dança, terraço para eventos, biblioteca, bar, restaurante e outros serviços destinados a servir os seus sócios.
No mundo contemporâneo global do automóvel e da televisão, do telefone e dos shopping centers, os Clubes têm uma função mais limitada na sociedade, mas em Goa continuam a ser importantes centros de animação social e cultural e, para a generalidade dos católicos goeses, o convívio passou e continua a passar por alguns desses Clubes, onde a tradição portuguesa ainda se faz notar de forma muito evidente, como sucede no Club Vasco da Gama, no Clube Nacional e no Clube Harmonia (*).
Em muitas ocasiões como nas festas de Natal, nas festas do Fim do Ano ou no Carnaval, as festas destes Clubes são grandes acontecimentos sociais e culturais e, quem os frequenta, tem naturalmente uma qualquer relação afectuosa ou nostálgica com Portugal. Em certa medida, os Clubes de Goa são também verdadeiros clubes de saudade.

(*) O Club Vasco da Gama está localizado em Pangim e foi fundado em 1909; o Clube Nacional também se situa no centro de Pangim e foi fundado em 1912; o Clube Harmonia foi criado em 1936 e localiza-se em Margão.

Nota: As imagens podem ser ampliadas "clicando" sobre elas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Portugal - Um estado de direito "torto"

Neste Estado de direito "torto" em que se transformou Portugal está armada uma enorme confusão entre duas coisas que não têm nada a ver uma com a outra - escutas e fugas de informação. Esta confusão só serve para tapar os olhos e selar os ouvidos ao comum dos mortais e permitir que no meio do barulho alguns se safem.
No que se refere às escutas alguns juristas já disseram tudo (o Público de hoje tem um excelente artido do prof essor Costa Andrade). Aquilo que me parece estranho e que não consigo entender, é a razão porque se estabelecem diferenças entre o cidadão normal, que pode ser escutado desde que um juíz o considere necessário e útil, e os três políticos, ocupando as posições cimeiras do poder no país, (que deviam estar acima de qualquer suspeita) que só podem ser ouvidos depois disso ser autorizado por uma entidade que, de qualquer maneira é demasiado próxima deles para decidir sem constrangimentos. No "estado a chegamos" e com os políticos que temos esta excepção coloca necessariamente essas três entidades imediatamente sob suspeita permanente.
Depois aparecem as fugas de informação. Se olharmos para alguns casos passados em que isso aconteceu e a quem isso serviu, encontramo-nos perante situações - pemitam-me utilizar uma imagem das minas e armadilhas - em que o detonador rebenta antes de ser introduzido no explosivo plástico.. Isto é, o detonador rebenta e toda a gente fica imediatamente avisada, tratando portanto de se pôr a salvo e de se desfazer de tudo o que o possa comprometer. Ninguém me convence de que as fugas de informação não são mais do que disparos para o ar para que as investigações se dispersem e não avancem mais. É por isso também que as escutas acabam por ser tão importantes na investigação e descoberta da verdade nestes casos, porque quando o detonador rebenta as provas que possam existir são naturalmente destruídas ou tornadas inócuas..
O líder da bancada do PS dizer que todo este inbróglio só faz com que diminua "um bocadinho" o estado de direito. É preciso muita lata. Estes tipos que andam a dar cabo não só do estado de direito, como do próprio conceito de estado de direito, acham que é a fuga de informação que o põe em causa o estado de direito e não os seus actos - corrupção, tráfico de influências, etc - que são o objecto da fuga de informação.
Qualquer dia vamos ouvir os criminosos dizer que a polícia não tem nada que andar à procura deles porque estão a violar a sua privacidade!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

NOVO PAÍS !??!


Aquando do pedido do "Cartão de Cidadão" deram-me um comprovativo em que se certifica que o meu País já não se chama PORTUGAL (com mais de 800 anos, deve ser tempo de mudar...) mas sim REPUBLICA PORTUGUESA !!!!!!


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Postal de Goa (I)


Goa Today é o nome de uma revista mensal prestigiada e independente que se publica em Goa, mas é também um excelente título para, tirando proveito da circunstância de me encontrar em Goa por alguns meses, iniciar a publicação de alguns textos e fotografias a que chamarei postais de Goa.
Goa e os restantes territórios do Estado da Índia foram ocupados pelas Forças Armadas Indianas em Dezembro de 1961. Essa situação foi traumática não só para os portugueses, mas também para alguns sectores da população goesa, sobretudo aquela que se manteve fiel à língua e à cultura portuguesas. Entre outras consequências, instalou-se uma acentuada desconfiança social em relação a essas pessoas, que foi alimentada por uma forte propaganda dirigida pelos chamados Freedom Fighters e seus aliados.
Muitos funcionários públicos goeses deixaram Goa a caminho de Portugal e o vazio então criado no aparelho administrativo foi ocupado por funcionários vindos de outras partes da Índia. Nos serviços públicos, nas escolas e, mais tarde, nas igrejas, o inglês começou a substituir o português que, aos poucos, passou a ser utilizado apenas nos domicílios das famílias das classes sociais mais elevadas e em reuniões sociais mais ou menos restritas. Muitos goeses resistiram a essas pressões e, em boa parte, a sobrevivência da língua portuguesa em Goa a eles se deve embora, muitas vezes, as novas gerações tivessem sido desincentivadas da aprendizagem da língua portuguesa. A utilização da língua portuguesa quase se tornou clandestina, o famoso jornal O Heraldo cessou a sua edição em português e, sob pressão dos Freedom Fighters, as autoridades tomaram diversas medidas anti-portuguesas no plano simbólico, como por exemplo a remoção de estátuas – primeiro de Afonso de Albuquerque e depois de Luís de Camões.
Porém, no início dos anos 90, por efeito natural da passagem do tempo, mas sobretudo com a visita do Presidente Mário Soares e com a instalação de um Consulado-Geral, de um Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões e de uma Delegação da Fundação Oriente, a situação começou a alterar-se. Hoje a língua e a cultura portuguesas despertam a curiosidade e suscitam o interesse em alguns sectores da população goesa mais jovem, que não quer perder a memória de mais de 4 séculos de convívio com os portugueses.
Goa é, nos dias do presente, um Estado e uma sociedade em mudança.
Através de alguns postais de Goa procurarei divulgar alguns aspectos da herança cultural portuguesa em Goa.