sábado, 16 de janeiro de 2010

Postal de Goa (XI)

O CAJU QUE OS PORTUGUESES LEVARAM PARA A ÍNDIA

Na história da expansão portuguesa, o fenómeno das trocas de plantas entre continentes ou “a viagem das plantas”, é um dos assuntos menos estudados, embora seja um dos mais importantes contributos dados pelos portugueses ao progresso da humanidade. O caso do caju, de que a Índia é hoje o maior exportador mundial é, porventura, um dos melhores exemplos da importância da transferência de plantas entre diferentes continentes e justifica o nosso comentário. O cajueiro é uma árvore originária do nordeste do Brasil e os portugueses cedo aprenderam a utilizar a sua madeira na construção, mas também a conhecer a importância económica do seu fruto, como alimento, como remédio e como matéria-prima na produção de bebidas alcoólicas. Segundo o Professor Mendes Ferrão (The Adventure of Plants and the Portuguese Discoveries), os portugueses levaram o cajueiro para o Oriente entre 1563 e 1574, provavelmente para Goa ou para Cochim e a primeira descrição que se conhece do caju aparece no Tractado de las drogas y medicinas de las Indias Orientales do físico português Cristovão da Costa, publicado em Burgos em 1578. O cajueiro disseminou-se depois para as costas do Malabar e do Concão, mas também para a costa oriental da península industânica, para o sudoeste asiático e para a costa oriental de África. A palavra caju deriva da palavra acaju, existente na língua tupi do noroeste brasileiro. Nas costas do Malabar o caju é conhecido por parankimava, que significa mango português; em urdu, hindi e gujarati o fruto é conhecido por kaju, em konkani é designado por kajjubee e em sinhala chama-se kadju. Significa, portanto, que os portugueses não só levaram uma planta de grande valor económico do Brasil para a Índia, com promoveram também o enriquecimento das línguas locais. A Índia é hoje o terceiro maior produtor mundial de caju, depois do Vietnam e do Brasil. Porém, porque desenvolveu e modernizou as técnicas do seu processamento industrial, passou a ter necessidades adicionais de caju bruto que passou a comprar no estrangeiro. Com este incremento produtivo, a Índia tornou-se o primeiro exportador mundial de caju processado, com mais de 100 mil toneladas anuais. A sua produção e processamento geram um volume de emprego da ordem das 500 mil pessoas, sobretudo mulheres, sendo esta actividade agro-industrial particularmente importante nos estados de Kerala, Karnataka e Goa.

O caju estimula uma actividade comercial muito significativa em Goa, havendo muitas dezenas de pequenas lojas, sobretudo em Pangim, que se dedicam quase exclusivamente à sua venda.
O produto é apresentado em diversos tipos de embalagens com diferentes quantidades e preços, sendo muito procurado pelos turistas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti

A tragédia que se abateu sobre o Haiti vê agora os seus efeitos agravados pela impossibilidade de fazer chegar o material de socorro ao destino. Para além da falta de infraestruturas naquele pseudo país, tem o aeroporto engarrafado, o porto danificado e sem guindastes que movam a carga e a única estrada que vem do país vizinho é estreita e lenta. Conclusão: procuram-se agora afanosamente navios com porta de abater para abicar nas praias, permitindo finalmente fazer chegar o socorro aos necessitados. Navios anfíbios precisam-se.
Isto leva-me ao tão desejado navio polivalente logístico, o LPD que consta na lei de programação militar há imensos anos, mas que não há a mínima vontade de o mandar construir. O seu projecto fez parte do negócio para a construção dos submarinos pelo consórcio HDW e o anterior ministro disse que ia ser dada a maior prioridade a esta construção. Imediatamente a seguir a LPM foi adiada para esta legislatura. A realidade é que não temos navio nem teremos na próxima década, por isso, se houver algum problema nos nossos arquipélagos, já sabemos com o que não contamos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

THE DEEP MEMORY

Descemos esta escada pela última vez faz hoje 44 anos

Um obrigado sincero a todos os que me ensinaram , me ajudaram , me fizeram praxe e me aprontaram para a vida.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O poder das palavras

Notícia do Público (09JAN10)
Igrejas atacadas na Malásia por uso da palavra Alá
Na Malásia os Cristão utilizam a palavra "Alá"para designar Deus, tal como acontece noutros países de maioria Muçulmana como o Egipto, o Líbano e a Indonésia. O uso desta palavra tinha sido proibido há três anos, mas o Supremo Tribunal deu razão a um recurso que pretendia continuar a usar essa palavra. Porque os muçulmanos consideram que a palavra Alá é "só para eles" alguns grupos atacaram quatro igrejas cristãs em Kuala Lampur destruindo uma com uma bomba artesanal.
Consideram os muçulmanos que ao utilizarem a palavra "Alá" o que os cristãos pretendem é converter muçulmanos.
Esta notícia pode relacionar-se de algum modo com a polémica que se tem travado em torno do designado "casamento” para os homossexuais e lésbicas. Na realidade, para além de todas as questões relacionadas com a orientação sexual, liberdades, direitos civis e humanos, aquilo que possivelmente mais baralhará as pessoas é o uso da palavra casamento.
Queiramos ou não, a nossa matriz civilizacional e cultural reserva a palavra casamento para uma relação que, podendo ser afectiva e sexual, tem sobretudo a ver com a organização e evolução das sociedades humanas. Como muito bem o demonstra Denis de Rougemont, em "O Amor e o Ocidente" amor, paixão e sexo na nossa Idade Média não tinham obrigatoriamente nada a ver com o casamento. O casamento era um mero contrato social destinado a assegurar a continuidade da propriedade (incluindo eu nesta propriedade os genes embora nessa época esse conceito não fosse conhecido, mas o nome de família estando relacionado com a "gen" o comporte em termos semânticos)
Considero que esta polémica é no fundamental uma manifestação folclórica de alguns intelectuais, artistas, e políticos, muito “in”, mas sem qualquer relação com o povo e sobretudo, com a orientação sexual de muitos e muitos homossexuais e lésbicas que por esse país sofrem para encontra a sua realização afectiva e sexual. A maior parte dessas pessoas vai sofrer na carne ainda maior descriminação e violência psicológica ao contrário dos intelectuais, políticos e artistas “”in” que tirarão os benefícios e continuarão a fortalecer o seu lobby de poder.
Pessoalmente, acho que os homossexuais e lésbicas são seres humanos vivendo em sociedade e por isso têm o direito à felicidade e cidadania. Devem poder celebrar entre si o contrato de vida em comum que quiserem e a lei deve contemplar essa possibilidade, mas isso não quer dizer que seja um casamento nos termos históricos e culturais consagrados nas nossas sociedades.
Finalmente, tal como os muçulmanos na Malásia temem que o nome de Alá seja utilizado para fins de conversão, não será que estaremos em presença de utilização da palavra "casamento" para os que não são ou não se sentem homossexuais e lésbicas se convertam?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Postal de Goa (X)

O NAUFRÁGIO DA LANCHA GOA EM 1901


Na cidade de Pangim, sobre o passeio marginal do rio Mandovi que se situa em frente do edifício que aloja a Central Library e o Instituto Menezes Bragança, encontra-se um memorial evocando o trágico naufrágio da lancha Goa, que aconteceu no dia 3 de Dezembro de 1901.
O dia 3 de Dezembro é o dia de S. Francisco Xavier e é o dia da grande festa goesa. Durante a semana que o antecede, muitos milhares de pessoas de Goa e de fora de Goa, católicos e não católicos, dirigem-se para Velha Goa para festejar e venerar o Goencho saib e rezar perante as suas sagradas relíquias.
Em 1901 assim terá acontecido, mas nesse tempo não havia pontes e os transportes marítimos eram muito precários.
No dia 3 de Dezembro a lancha Goa deixou Verém em direcção a Pangim, numa curta travessia do rio Mandovi que não deveria demorar mais de 10 minutos. Não estaria em boas condições de navegabilidade e terá largado com excesso de passageiros. Transportava cerca de 160 pessoas e afundou-se, tendo perecido 34 homens, 47 mulheres e 11 crianças.
Uma desgraça nacional no maior dia de festa dos Goeses!
A imprensa da época relata circunstanciadamente este episódio, bem como as operações de busca e salvamento efectuadas, os apoios dados aos sobreviventes e os trabalhos de recuperação da lancha afundada.
Mais tarde, o historiador Ismael Gracias sugeriu que fosse colocado um memorial para evocar os mortos, nas proximidades do local onde ocorreu o naufrágio, mas porque não foi possível mobilizar recursos em Goa para esse efeito, foi a comunidade goesa de Aden que angariou os fundos necessários para a construção do memorial.
A memória histórica e a religiosidade dos Goeses revela-se na frequência com que neste memorial são vistas grinaldas de flores e velas acesas.

NOTA: Todas as imagens podem ser ampliadas, "clicando" sobre elas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Gritante

Termina hoje, com o dia de Reis, a quadra festiva natalícia.

Certa e felizmente, todos os membros, colaboradores e visitantes da “Água Aberta” passaram este período no calor das suas Famílias, com mesa composta segundo a tradição e com saúde, natural ou providenciada com os meios de que cada um dispõe.

Mas há outro mundo, retratado de forma chocante no DN de ontem, com notícia na primeira página e desenvolvimento na segunda: no espaço de 12 horas, no domingo anterior, tinham morrido em Lisboa nove idosos, pobres, sem quaisquer recursos, abandonados à sua sorte, em solidão, provavelmente doentes. E cerca de 15 000 aguardavam em filas de espera em lares públicos.

A população portuguesa está a envelhecer, a pobreza a aumentar, muita dela camuflada pela vergonha e a riqueza nacional cada vez mais iniquamente distribuída.

Que fazer? Deixar abandonar cada um à sua (má) sorte ou aceitar e contribuir para que a colectividade trate de maneira condigna e humana os seus velhos, pobres e doentes mais carenciados? Com estruturas, com humanidade, haja vontade para tal. O dinheiro, esse, arranja-se sempre, como se tem visto nos últimos tempos para outros fins.

Como dizia um comentador radiofónico hoje de manhã a propósito deste assunto, não nos estaremos a deixar tornar “assassinos por omissão”? O qualificativo é forte, mas mais forte é o estado em que muitos dos nossos semelhantes vivem.

Que este ano seja bem melhor para todos.

Advogados, sempre!

Os investimentos em contrapartidas não aparecem, mas a despesa com a comissão não pára. Ficámos agora a saber quem são os chupistas. Vejam só:


Comissão de Contrapartidas rompeu com escritório de Sérvulo Correia.

Honorários incomportáveis ditam divórcio. Contrapartidas executadas apenas a 30%
A Comissão Permanente de Contrapartidas (CPC) disse ontem ao Parlamento que dispensou os serviços do escritório de advogados que a assessorava, porque os honorários que cobrava se tornaram incomportáveis, confirmou o DN junto de diferentes fontes.
Em causa está o escritório de advogados liderado por Sérvulo Correia, embora o presidente da CPC, embaixador Pedro Catarino, não o tenha identificado durante a audiência de ontem com a Comissão parlamentar de Defesa.
Esse escritório, segundo as mesmas fontes que pediram anonimato, apresentava "honorários principescos" à CPC por "serviços cobrados ao minuto" - o que tinha grande peso no orçamento da comissão, reconheceu Pedro Catarino na informação enviada por escrito à Comissão de Defesa.
O embaixador explicou ainda nesse documento, ainda para justificar a decisão, que a CPC vivia numa situação de "dependência crónica" daquele escritório de advogados para actuar numa área que envolve programas de contrapartidas - pela compra de sistemas de armas e equipamentos militares - estimados em 2,8 mil milhões de euros e cuja taxa de execução ronda apenas os 30%.
Pedro Catarino terá mesmo dito ontem, aos deputados, que "uma das [suas] grandes medidas foi prescindir" de uma ligação que impunha "encargos muito pesados" à CPC e da qual estava praticamente 'refém'.
O embaixador, no final da longa audiência com a Comissão de Defesa, disse aos jornalistas que não é possível falar em incumprimento dos programas de contrapartidas, porque os contratos ainda estão em vigor. A título de exemplo, Pedro Catarino lembrou que o dos submarinos só termina dentro de três anos e os outros "mais tarde".
A taxa de execução dos diferentes programas - relativos à compra de submarinos, dos caças F16, dos aviões de transporte C295, das viaturas blindadas Pandur ou dos helicópteros EH101 - varia consoante os programas, mas globalmente ronda os 30%. Para tentar inverter essa situação, Pedro Catarino disse haver várias possibilidades,desde a renegociação dos contratos ao prolongamento da sua duração ou ainda à aplicação de multas.
Luís Campos Ferreira (PSD) disse aos jornalistas que a reunião com Pedro Catarino "foi produtiva", sendo suficientes para reforçar as críticas do partido.
"O panorama é preocupante", pois "as perspectivas" de execução daqueles programas são muito baixas, salientou o deputado, responsabilizando o Governo pela paralisia da CPC nos "nove meses" que se seguiram à posse de Pedro Catarino.
António Filipe (PCP) criticou a "enorme irresponsabilidade" dos Governo PS, PSD e CDS-PP no acompanhamento dos grandes investimentos associados às contrapartidas. "Não saio optimista" da audiência, acrescentou.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mar - Investigação

Para os que se interessam pelas coisas do mar.

Um "link" para o "El País" de notícia de 26-11-2009


Conferência na Fundação Calouste Gulbenkian

Embora com algum atraso, aqui deixo o aviso de realização de mais uma uma conferência na próxima 6ª feira, dia 7 de Janeiro.
Um abraço
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"Conferência na Fundação Calouste Gulbenkian

7 Janeiro 2010 17h30 O Dia em que nasceu a Ciência João Caraça
19h00 Observações astronómicas de Júpiter

Há exactamente 400 anos, na noite de 7 de Janeiro de 1610, em Pádua, Galileo Galilei começou a registar as observações que estava a efectuar sobre os satélites de Júpiter e que ele designou por “Estrelas Mediceias”em homenagem à família dos arquiduques de Florença.

Este registo tão singelo abriu um longo caminho que tem sido percorrido incessantemente desde então. A Ciência Moderna saiu completa das mãos de Galileu: o uso de instrumentos científicos de observação; a utilização de uma linguagem matemática; a publicação dos resultados; isto é, as suas principais características, que a distinguem dos outros domínios de conhecimento e dos saberes antigos sobre a natureza, possuem todos a marca de Galileu.

Muitos ilustres e extraordinários cientistas viram a luz e a iluminação da descoberta nestes últimos quatro séculos. A celebração das suas ideias e o desenvolvimento de uma atitude científica perante a vida são a melhor garantia de que encaramos o futuro com confiança.

João Caraça
Director do Serviço de Ciência
Fundação Calouste Gulbenkian

Fundação Calouste Gulbenkian Auditório 2
Transmissão directa nos espaços adjacentes
Vídeodifusão: http://live.fccn.pt/fcg/"

sábado, 2 de janeiro de 2010

O balde da Beira




Os navios ingleses que participaram no bloqueio ao porto da Beira, em aborrecidas patrulhas de três semanas de cada vez, ocupavam o tempo em competições desportivas, como hoquei no convés, e criaram um troféu, que era um balde de ferro velho pintado com os nomes dos vencedores, que ia passando de navio em navio. Esse balde está no museu naval de Portsmouth, onde eu o vi e já em 1979/80 escrevi na Revista da Armada sobre isso.


Navegando agora na net, descobri um forum de marinheiros ingleses que fala sobre o assunto e colhi mais alguma informação. Descobri que recebiam correio por via aérea que era lançado ao mar de paraquedas pelos velhos aviões Shakleton, talvez baseados em Aden, que na altura ainda era britânico. No meu tempo nunca detectámos estas manobras; deviam fazê-las bem longe do nosso olhar, mas aqui fica uma fotografia que lhes bifei e mais uma do balde.


O bloquei durou onze anos, envolveu 76 navios que interceptaram 47 navios tanque, sem qualquer resultado prático, visto que o combustível para a Rodésia continuava a entrar por outras vias.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ano Novo, Vida Nova

Por ser dia 1 de Janeiro, considerei adequado escrever qualquer coisa. Entretanto estava entretido a ler a Visão desta demana (nas bancas a 31 de Dezembro) e deparei na página 6 com esta referência aos resultados do habitual inquérito semanal, a qual reproduzo, com a devida vénia.

Considero que a valia estatística deste inquérito é questionável, mas faz-me pensar e suponho que deverá provocar um pensamento crítico na hierarquia da Igreja Católica.

Acrescento que, para mim, Jesus Cristo é de esquerda.

Tenham um bom fim de semana!


quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010


Começou a passagem. Bom ano para todos.

Bom Ano de 2010 para todos



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Saúde como espelho do país

O Público de ontem trazia uma notícia sobre a saída dos médicos do serviço público de saúde para o privado e das consequências que isso pode ter na formação dos jovens médicos. Em determinada altura pode ler-se (sic): "A estudante da Faculdade de Medicina de Coimbra fala da observação de um doente por 15 internos. Não é ético para o doente. Na Faculdade de Medicina de Lisboa, diz que se chegou ao cúmulo de haver cinco estudantes a fazer toque rectal a um único doente."
Parece-me uma bela metáfora do que se passa no país! Tal como os internos fazem aos doentes nos hospitais, nós todos servimos de cobaias aos aprendizes de feiticeiro da política, da economia, da educação, etc, que se divertem connosco a experimentar as suas habilidades de toque rectal e vão observando as nossas reacções,
O que me espanta mais nisto tudo é ninguém se queixar! Até parece que começam a gostar! Como vem dizendo o Temes, por onde anda o direito à indignação?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Postal de Goa (IX)

O FORTE DE ALORNA

Em meados do século XVIII o Brasil e as suas riquezas despertavam todas as atenções do Reino de Portugal, enquanto o Estado da Índia atravessava um período de grande decadência, depois da perda de muitos dos seus territórios para a Companhia das Índias Holandesas (VOC).
Em 1739, perante a indiferença dos ingleses instalados em Bombaim, os exércitos maratas tomaram Baçaim, a capital da rica Província do Norte e, mais a sul, cercaram Goa. A solução encontrada para libertar Goa da pressão marata passou pelo abandono de Chaúl.
A gravidade da situação foi então compreendida em Lisboa e o Estado da Índia voltou a merecer atenção e a receber reforços, para recuperar a Província do Norte ou levar as fronteiras de Goa mais para o interior.
O território de Goa era constituído apenas pelas chamadas Velhas Conquistas e a opção foi alargar o seu território pelas vias militares e negociais.
Depois do curto vice-reinado do Marquês do Louriçal, sucedeu-lhe D. Pedro Miguel de Almeida e Portugal, marquês de Castelo Novo, um experiente administrador colonial que já exercera as funções de governador de São Paulo e Minas do Ouro do Brasil. O novo vice-rei procedeu à ocupação das praças de Bicholim, Sanquelim e Tiracol e, no dia 5 de Maio de 1746, tomou pelas armas o forte de Alorna, situado na margem direita do rio Chaporá, no concelho de Perném.
Os novos territórios passaram a ser conhecidos por Novas Conquistas e aos 786 km2 que os portugueses dominavam, em poucos anos foram-lhe acrescentados cerca de 2825 Km2.
Em 1723 o vice-rei Almeida e Portugal tinha adquirido a Quinta de Vale de Nabais em Muge. Porém, quando em 1750 regressou de Goa a Portugal, o Rei D. João V concedeu-lhe o título de Marquês de Alorna, em reconhecimento pelos actos de bravura praticados na tomada daquela praça forte, o que o levou a mudar o nome da sua quinta para Quinta da Alorna.
O forte de Alorna tem uma configuração pentagonal irregular e tem 4 baluartes, sendo protegido por um fosso que podia ser facilmente inundado pelas águas do rio Chaporá.
Embora em 1983 o governo de Goa tenha classificado o forte de Alorna como património histórico, o facto é que actualmente se encontra em precárias condições e coberto pela vegetação.

(Para ampliar,"clicar" na imagem)

Em Portugal, a palavra Alorna está hoje associada à obra literária de Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, 4.ª marquesa de Alorna, cuja poesia está reunida nos seis volumes das “Obras Poéticas da Marquesa de Alorna”, mas também aos vinhos da Quinta da Alorna (http://www.alorna.pt/), mas poucos saberão esta curiosa história da forma como, em meados do século XVIII, este topónimo navegou de Goa para Portugal.